Saúde e Bem-estar

Apagão do Rivotril: entenda sumiço do sedativo mais usado

A falta de Rivotril afeta milhares de pacientes no Brasil. Entenda a crise.

A foto mostra Rivotril
FOTO: Redes Sociais

Encontrar Rivotril se tornou uma tarefa difícil para pacientes em todo o país. O sedativo mais prescrito do Brasil sumiu das farmácias em suas versões em gotas (2,5 mg/mL) e comprimidos sublinguais (0,25 mg). O desabastecimento afeta diretamente quem depende do medicamento para o tratamento de transtornos de ansiedade, epilepsia e distúrbios do sono.

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De acordo com fabricantes e com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), a escassez resulta de uma combinação de fatores. Houve recall, mudança de local de produção e até falhas regulatórias. A Biopas Brasil informou que a fabricação dos insumos foi transferida do Brasil para a Europa. A produção da versão em gotas agora acontecerá na Itália, enquanto a sublingual, na Espanha. Até que o processo se normalize, o produto pode ficar fora das prateleiras por meses. A previsão é que a primeira versão retorne ainda em 2025, enquanto a outra apenas em 2026.

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Irregularidades e recall aumentam insegurança

A situação se agravou porque a Blanver, detentora do registro no Brasil, não comunicou à Anvisa a mudança de produção dentro do prazo de 180 dias. Caso seja confirmada a irregularidade, a empresa pode enfrentar multas e até suspensão do registro.

Enquanto isso, a farmacêutica Teuto anunciou o recolhimento voluntário de um lote da solução oral por falhas na eficácia. Pacientes que possuem o lote 3591454 devem interromper o uso e solicitar substituição no local da compra. A empresa abriu canais de atendimento para orientações, reforçando a sensação de insegurança entre os consumidores.

Impacto para médicos e pacientes

Conforme dados do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid), 14,3% da população já utilizava benzodiazepínicos, como Rivotril e Lexotan, em 2023. O Brasil ainda concentra 75% de todo o consumo mundial de clonazepam.

Especialistas alertam para os riscos da interrupção abrupta do tratamento. “O processo de desmame deve ser feito gradualmente, com responsabilidade e acompanhamento médico”, explica a farmacêutica Jeane Nogueira. Ela lembra ainda que o uso prolongado do medicamento pode causar dependência, prejuízos cognitivos, alterações de humor e até demência precoce.

Assim, o apagão do Rivotril reacende o debate sobre a dependência química, a regulação da indústria farmacêutica e a necessidade de alternativas seguras para pacientes brasileiros.

Formada em Letras e Direito, com especialização em Linguística, Literatura e Publicidade & Propaganda. Possui experiência em Gestão Pública e Pedagógica. Atua na editoria de Saúde e Bem-Estar do AQUINOTICIAS.COM, na plataforma Viva Vida.