Saúde e Bem-estar

Enxaqueca crônica e tratamento multidisciplinar: uma chance de paz

Entenda como a abordagem multidisciplinar reorganiza o sistema de dor e devolve controle aos pacientes com enxaqueca crônica.

A foto mostra pessoa com enxaqueca
Foto: Freepik

A enxaqueca é uma doença neurológica que não surge por alterações visíveis em exames de imagem, o que confunde muitos pacientes. Ainda assim, ela provoca crises intensas porque ativa moléculas inflamatórias nas meninges, deixando as artérias da região altamente sensíveis. Além disso, esse processo desperta as fibras do nervo trigêmeo, que conduz o sinal da dor para o cérebro. Por isso, a dor costuma ser pulsátil, unilateral e agravada por esforço físico, som, luz ou cheiros. Como consequência direta, muitos pacientes também enfrentam náuseas, vômitos, mudanças de apetite e dificuldade de dormir, já que áreas profundas do cérebro também participam do mecanismo da crise. Assim, mesmo sem alterações visíveis em exames, a rotina se torna imprevisível, cansativa e marcada por gatilhos que se acumulam ao longo dos anos.

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Esse funcionamento explica por que a enxaqueca crônica — definida por mais de 15 dias de dor por mês — exige abordagem ampla. Muitos pacientes passam anos alternando analgésicos, cafeína e mudanças improvisadas na rotina. Porém, esse padrão aumenta a sensibilidade do sistema de dor e facilita novas crises. Com o tempo, tudo pode virar gatilho: luminosidade, ruído, cheiros, estresse e até mudanças simples de horário. Por isso, o tratamento precisa reorganizar o organismo, reduzir a sensibilização e reconstruir previsibilidade para o dia a dia.

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Como funciona o tratamento multidisciplinar

A abordagem clínica moderna utiliza várias frentes combinadas:

  • retirada gradual de analgésicos e cafeína, para quebrar o ciclo de abuso medicamentoso;
  • bloqueios anestésicos, que reduzem a hiperatividade do nervo trigêmeo;
  • toxina botulínica, aplicada em pontos específicos para diminuir estímulos de dor;
  • anticorpos monoclonais, que reduzem a ação de moléculas envolvidas na crise;
  • nutrição especializada e suplementação, para diminuir inflamação neural;
  • higiene do sono e ajustes de rotina, essenciais para estabilizar o sistema nervoso.

Essa combinação reduz a frequência das crises, melhora o controle e devolve qualidade de vida.

Acesso no SUS e desafios atuais

No Brasil, o SUS oferece:

  • analgésicos e quatro preventivos orais;
  • atendimento em ambulatórios especializados em alguns centros;
  • toxina botulínica em casos selecionados.

O maior desafio ainda é a incorporação de terapias específicas, como anticorpos monoclonais, que não fazem parte da cobertura pública e têm custo elevado. Além disso, a falta de biomarcadores dificulta a aprovação de novas tecnologias.

Mesmo assim, programas estruturados mostram que é possível reduzir crises, estabilizar o sistema de dor e recuperar autonomia.

Com base em informações do portal Globo.

Formada em Letras e Direito, com especialização em Linguística, Literatura e Publicidade & Propaganda. Possui experiência em Gestão Pública e Pedagógica. Atua na editoria de Saúde e Bem-Estar do AQUINOTICIAS.COM, na plataforma Viva Vida.