Saúde e Bem-estar

Austrália proíbe adolescentes nas redes sociais: medida funciona?

A Austrália proibiu adolescentes nas redes sociais, mas especialistas questionam se a medida realmente protege a saúde mental.

A foto mostra jovem deprimida vendo rede social
Foto: Freepik

A Austrália decidiu proibir o acesso de adolescentes às redes sociais e, com isso, reacendeu o debate global sobre saúde mental na juventude. O governo adotou a medida após crescente preocupação com o impacto emocional provocado pelo uso constante de plataformas digitais. A discussão ganhou força após o livro A Geração Ansiosa, de Jonathan Haidt, que relaciona o uso precoce de smartphones ao aumento de ansiedade entre jovens.

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Quando o Parlamento aprovou a proibição, em novembro de 2024, a população reagiu de forma favorável. Pesquisas mostraram que 77% dos australianos apoiaram a medida. Além disso, o país decidiu multar plataformas como TikTok, Instagram, Facebook, X, Reddit e Snapchat em até 49,5 milhões de dólares australianos caso falhem em bloquear o acesso de menores de 16 anos. Apesar disso, o governo garantiu que jovens e pais não sofreriam punições.

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Mesmo assim, as plataformas digitais não acolheram a decisão. O TikTok, por exemplo, argumentou que a proibição pode empurrar adolescentes para ambientes digitais mais perigosos, sem moderação e sem diretrizes de segurança. O alerta reforçou dúvidas sobre a real eficácia da estratégia.

A lei e a defesa da saúde mental

A lei entrou em vigor nesta quarta-feira (10/12, horário local) e busca reduzir riscos como cyberbullying e exposição à desinformação. Contudo, especialistas afirmam que a relação entre redes sociais e saúde mental ainda apresenta lacunas. Marilyn Campbell, pesquisadora da Universidade de Tecnologia de Queensland, destaca que estudos mostram correlação, mas não causalidade. Ela lembra que a saúde emocional dos jovens também sofre influência de fatores como desigualdade social, ansiedade climática e violência de gênero.

Além disso, Campbell avalia que proibir pode gerar o efeito contrário, lembrando a proibição do álcool nos EUA, que levou parte do consumo à clandestinidade. Ela defende que adolescentes precisam aprender a navegar no ambiente digital, e não serem excluídos dele até os 16 anos.

O debate, porém, não se limita à Austrália. Alemanha, Suécia, Reino Unido, EUA e Brasil discutem medidas semelhantes, que incluem verificação de idade, controle parental e restrições ao uso nas escolas. Mesmo assim, pesquisadores sugerem que países priorizem investimentos em saúde mental e ampliem o acesso a psicólogos e assistentes escolares.

Para Campbell, redes sociais não devem ser banidas, mas redesenhadas. Ela afirma que adolescentes precisam de educação digital sólida e ambientes online seguros, em vez de políticas baseadas apenas em proibições.

Com base em informações do portal Globo.

Formada em Letras e Direito, com especialização em Linguística, Literatura e Publicidade & Propaganda. Possui experiência em Gestão Pública e Pedagógica. Atua na editoria de Saúde e Bem-Estar do AQUINOTICIAS.COM, na plataforma Viva Vida.