Brasil e saúde de idosos — perspectivas na área da saúde
O envelhecimento acelerado no Brasil expõe um país despreparado diante do avanço do câncer, Alzheimer e doenças crônicas.

O Brasil vive uma transformação silenciosa. Um estudo do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) mostra que o número de idosos dobrará em apenas 25 anos — ritmo seis vezes mais rápido que o da França. Até 2031, haverá mais pessoas idosas do que crianças, o que muda completamente a estrutura social e sanitária do país. Esse cenário inspirou o tema da redação do Enem 2025: “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiEntretanto, o envelhecimento vem acompanhado de um novo mapa de doenças. As condições típicas da velhice, como hipertensão, diabetes, AVC, Alzheimer e câncer, crescem em ritmo mais acelerado do que o preparo do sistema público para lidar com elas. A sobrecarga atinge tanto o SUS quanto as famílias, especialmente as mulheres, que assumem o papel de cuidadoras.
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Do Alzheimer ao câncer: o peso da longevidade
Segundo o IEPS e a OMS, distúrbios neurológicos e cardiovasculares já respondem por quase metade das incapacidades no mundo. No Brasil, o AVC voltou a ser a principal causa de morte cardiovascular, superando o infarto. A doença de Alzheimer também cresce de forma alarmante, impulsionada pela idade, isolamento social e doenças crônicas.
Uma descoberta recente, publicada na Nature Neuroscience por cientistas brasileiros, identificou que o avanço do Alzheimer se liga a uma inflamação silenciosa no cérebro — achado que pode mudar o tratamento futuro.
Câncer avança e se torna a nova ameaça
O câncer já supera as doenças cardiovasculares como principal causa de morte em 670 cidades brasileiras. As mortes por tumores cresceram 120% desde 1998. Caso o ritmo continue assim, o câncer será a principal causa de morte no país até 2029.
Conforme o oncologista Abraão Dornellas, “o câncer é uma doença do envelhecimento celular; quanto mais o país envelhece, mais diagnósticos aparecem”.
Envelhecimento e desigualdade: um desafio coletivo
O envelhecimento também aumenta a desigualdade. O IEPS mostra que muitas famílias vivem apenas com idosos, e quase todas dependem de cuidados femininos. Faltam, principalmente, geriatras, reabilitação e abrigos públicos — apenas 36% dos municípios oferecem esse suporte.
Sem estrutura adequada, desse modo, o Brasil corre o risco de envelhecer sem qualidade de vida. O desafio agora é garantir que viver mais também signifique viver melhor.
Com informações do portal Globo.