Gaslighting médico: nem tudo é psicológico
Sabe o que é gaslighting médico? Leia e veja se já passou por isso.

O gaslighting médico atinge principalmente diversas pessoas que convivem com dores crônicas. Elas relatam dores em várias situações. Ainda assim, quando buscam atendimento, escutam descrença e julgamento. Como resultado, passam por uma jornada cansativa e emocionalmente desgastante. Assim, enfrentam um sistema de saúde que insiste em duvidar do que sentem.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiEsse cenário aparece com força, geralmente, entre pacientes com endometriose e vulvodínia, condições comuns que atingem cerca de uma em cada dez mulheres. Embora causem dor severa, muitos profissionais ainda tratam esses sintomas como exagero, estresse ou imaginação. E, por isso, pacientes recebem conselhos vazios, como “relaxe” ou “é psicológico”. Portanto, muitas vezes, elas circulam entre médicos sem obter diagnóstico ou alívio, o que agrava o sofrimento físico e emocional.
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Como o gaslighting médico se manifesta
O gaslighting surge quando médicos minimizam queixas, descartam sintomas ou atribuem tudo à mente da paciente. Pesquisas recentes mostram que quase metade das mulheres com dor vulvovaginal ouviu que precisava “acalmar a cabeça”. Muitas até pensaram em desistir do atendimento. Além disso, estudos revelam que grande parte dessas pacientes consulta vários profissionais sem receber respostas ou explicações mínimas.
Essa negação histórica tem raízes antigas. Por séculos, a medicina atribuiu a dor feminina a histeria e conflitos emocionais. Dessa forma, crenças ultrapassadas ainda influenciam diagnósticos e decisões clínicas. Com isso, mulheres enfrentam isolamento, ansiedade, depressão e desconfiança no sistema de saúde. E, quanto mais o gaslighting se repete, mais difícil se torna buscar ajuda novamente.
Desigualdades que agravam a dor
O problema cresce quando gênero, raça e classe se cruzam. Pesquisas mostram que pacientes negras têm sua dor subestimada com frequência, fruto de falsas crenças sobre resistência física. Ao mesmo tempo, mulheres recebem mais encaminhamentos psicológicos do que tratamentos para dor, mesmo quando descrevem sintomas idênticos aos dos homens. Por isso, enfrentam atrasos no diagnóstico e no acesso a terapias eficazes.
Caminhos para romper o ciclo
Superar o gaslighting exige mudanças no treinamento médico e mais pesquisa sobre a saúde da mulher. Enquanto isso não ocorre, pacientes podem buscar informação confiável, registrar sintomas e exigir encaminhamentos. Assim, recuperam autonomia e fortalecem sua própria voz.
Com base em informações do portal Terra.