Solidão silenciosa: quando o fim do ano vira gatilho

O tema da solidão ganha atenção especial neste dezembro. A fala do psiquiatra Dr. Luiz Carlos Sardenberg ajuda a explicar por que tantas pessoas se sentem isoladas durante um período marcado por expectativas. Ele reforça que, mesmo com luzes e celebrações, muitos percebem sinais internos de desgaste emocional. Portanto, reconhecer esses sintomas se torna essencial para atravessar o mês com mais consciência e autonomia afetiva.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiO calendário emocional raramente segue o calendário social. Embora as festas tragam convites, cores e movimento, o corpo e a mente nem sempre acompanham esse ritmo acelerado. As ruas decoradas contrastam, desse modo, com uma exaustão interna que cresce em silêncio e transforma tarefas simples em desafios inesperados. Assim, montar a árvore, responder mensagens ou decidir a ceia pesa para quem vive luto, frustração ou sobrecarga.
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O amplificador emocional de dezembro
Além disso, dezembro funciona como um verdadeiro amplificador emocional. A comparação com anos anteriores aumenta. As ausências se tornam mais visíveis. A cobrança social cresce. Em muitos lares, o roteiro se repete: o mesmo lugar à mesa, as mesmas fotos e os mesmos hábitos. Quando algo mudou — seja por luto, conflito ou ruptura — essa repetição evidencia o que falta. Dessa forma, o período deixa de ser apenas festivo e se transforma em um gatilho de tristeza acumulada.
Por que dezembro pesa mais?
Esse peso aparece porque o fim do ano reúne símbolos e rituais que intensificam emoções profundas. O clima de celebração cria, principalmente, a ideia de que todos deveriam estar bem, o que amplia a pressão interna. A desaceleração do trabalho e das rotinas favorece balanços pessoais, muitas vezes dolorosos. De acordo com o Dr. Sardenberg, esse conjunto favorece:
- tristeza mais intensa
- irritabilidade diária
- retraimento social
- dificuldade para lidar com demandas
Quando a tristeza vira alerta
Alguns sinais indicam que o sofrimento ultrapassou o limite do esperado. Entre eles estão:
- insônia contínua
- perda de energia
- isolamento que agrava a dor
- dificuldade para retomar tarefas
- sensação de vazio permanente
- mudanças fortes de humor ou apetite
Quando esses sinais persistem, o isolamento deixa de ser circunstancial e exige apoio profissional.
Como aliviar o peso desse período
O caminho envolve ajustar expectativas e criar rituais próprios, por menores que pareçam. A pessoa pode:
- acender uma vela
- escrever uma carta
- simplificar a agenda
- sair mais cedo de encontros
- permitir conversas sinceras
Conforme o psiquiatra Dr. Luiz Carlos Sardenberg, o objetivo é preservar energia, evitar o modo “sobrevivência” e garantir que ninguém atravesse dezembro completamente sozinho.
Com base em informações do portal Metrópoles.