Tylenol provoca autismo? Veja o que diz a ciência
Estudos científicos confirmam que não há ligação comprovada entre paracetamol na gestação e autismo.

Recentemente, uma declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sem comprovação científica, relacionou o uso do Tylenol (paracetamol) na gestação e ao desenvolvimento do autismo. A fala provocou repercussão internacional. O FDA, equivalente à Anvisa, foi citado como possível órgão a recomendar cautela no uso por gestantes.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiNo entanto, até hoje, pesquisas que tentaram investigar essa ligação apresentaram resultados inconclusivos. Mesmo quando observada alguma associação, não se pode afirmar que o paracetamol cause o transtorno. Muitas vezes, o consumo do analgésico indica apenas que a gestante já enfrentava uma condição de saúde e precisou de tratamento. Assim, a ciência reforça que é necessário separar correlação de causa.
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O que a ciência realmente aponta
O entendimento atual da comunidade científica é que o autismo resulta de múltiplos fatores genéticos e ambientais, que juntos influenciam os sintomas. Especialistas consideram o paracetamol seguro para gestantes e o recomendam como principal analgésico na gravidez. Apenas o uso em doses elevadas pode trazer riscos, especialmente para o fígado.
Instituições de saúde no Brasil e em outros países reforçam que não existem evidências conclusivas que liguem o paracetamol ao autismo. Embora alguns estudos tenham mostrado associações estatísticas, pesquisas mais robustas não confirmaram aumento relevante de risco. O uso responsável, sempre com orientação médica, continua sendo indicado para controle de dor e febre, situações que também podem prejudicar a saúde da mãe e do bebê.
De acordo com o psiquiatra, Dr. Luiz Carlos Sardenberg, da Unimed Sul Capixaba: “Hoje, a ciência não confirma que o uso de Tylenol (paracetamol) na gravidez cause autismo. Alguns estudos encontraram uma associação entre grávidas que usaram paracetamol e um risco um pouco maior de alterações no desenvolvimento, como autismo ou déficit de atenção. Mas esses estudos estão sujeitos a algo chamado viés de confusão.
O que é isso? É quando outro fator, que não foi totalmente controlado no estudo, pode ser o verdadeiro responsável pela associação observada. Por exemplo: muitas grávidas tomam paracetamol porque tiveram febre ou infecções — e a febre em si já é um fator de risco para problemas no desenvolvimento do bebê. Ou seja, pode parecer que o risco vem do remédio, quando na verdade vem da doença ou de outro fator associado. Por isso, até agora, nenhuma pesquisa conseguiu provar que o Tylenol seja a causa direta do autismo.
Tylenol, como afirmado por Trump, presidente dos EUA, realmente, causa autismo?
Não. O que sabemos até agora é que não existe prova de que o Tylenol cause autismo. Existem sinais em alguns estudos que levantaram essa dúvida, mas as pesquisas mais bem controladas (com maior confiabilidade estatística) não confirmaram essa relação. O que os médicos recomendam é cautela: não usar o remédio em excesso, mas também não deixar de tratar febre ou dor intensa durante a gestação, porque a febre em si pode ser prejudicial para o feto e para mãe.”
Estudos de grande escala trazem segurança
Pesquisas recentes realizadas na Europa, envolvendo milhões de crianças, analisaram inclusive irmãos que viviam no mesmo ambiente. Esses estudos descartaram associação direta entre o paracetamol e o autismo, reforçando a segurança do medicamento. A recomendação global segue a mesma: usar o analgésico apenas quando necessário, em doses adequadas e sob acompanhamento médico.