Espírito Santo se prepara para temporada recorde de observação de baleias
Coordenador estadual do Instituto Baleia Jubarte, Paulo Rodrigues, estima crescimento da atividade sustentável, que atrai turistas, gera renda e ajuda a proteger a principal espécie de baleia que visita o litoral capixaba
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O turismo de observação de baleias-jubarte deve registrar um crescimento histórico em 2025 no Espírito Santo, com expectativa de dobrar o número de visitantes. A projeção é do oceanógrafo Paulo Rodrigues, coordenador estadual do Instituto Baleia Jubarte.
No Espírito Santo, o turismo de observação já é realidade consolidada. Em 2024, cerca de 1,5 mil pessoas embarcaram em busca dessa experiência única, e a expectativa para este ano é de que esse número chegue a 3 mil turistas.
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A temporada vai de junho a outubro, período reprodutivo da espécie, quando as águas mornas e rasas do litoral capixaba se tornam um verdadeiro berçário — especialmente na região norte, que integra o Banco dos Abrolhos, o maior berçário de baleias-jubarte do Atlântico Sul.
Hoje, cerca de 35 mil baleias-jubarte percorrem a costa brasileira, mas esse cenário é fruto de uma recuperação notável. Nas décadas de 1950 e 1960, a caça predatória para extração de óleo — usado como combustível — reduziu a população a menos de mil indivíduos. O retorno desses gigantes do mar só foi possível graças a medidas de proteção, campanhas de conscientização em escala internacional e à proibição da caça comercial.
Observação de baleias-jubarte
Vitória, Guarapari e Aracruz são hoje os principais pontos de partida para os passeios, que contam com embarcações adaptadas para transportar entre 30 e 50 passageiros. O trabalho segue protocolos rigorosos para garantir segurança e bem-estar dos animais: manter 100 metros de distância, não desligar o motor (mantendo-o desengrenado) e evitar manobras bruscas. Apesar das regras, não é raro que a baleia se aproxime espontaneamente, proporcionando momentos inesquecíveis. “Só o som da respiração já impressiona e emociona”, relata Rodrigues.
Além das jubartes, a costa capixaba é visitada por outras espécies, como a baleia-franca, a baleia-minke e até orcas — que, na verdade, pertencem à família dos golfinhos. Todas fazem parte do grupo dos cetáceos, verdadeiros gigantes marinhos que desempenham papel fundamental no equilíbrio dos oceanos.
Em breve, Vitória contará com um reforço importante para esse segmento: a inauguração do píer flutuante da Praça do Papa, na Enseada do Suá, que será a primeira base exclusiva para passeios náuticos de observação de baleias. A estrutura permitirá ainda a realização de viagens oceânicas, como para o arquipélago de Trindade, a 1.200 km da costa.
Homenagem
O Instituto Baleia Jubarte também mantém atuação ativa na prevenção de encalhes e colisões. Com o aumento da população de baleias, cresce também a necessidade de diálogo com autoridades portuárias (VPorts) e embarcações comerciais. Orientações sobre rotas e velocidades adequadas são repassadas a comandantes para reduzir riscos e evitar acidentes. “Nossa missão é unir conservação e desenvolvimento, despertando nas pessoas a emoção de estar perto desses animais e o compromisso de protegê-los”, conclui o oceanógrafo.
O oceanógrafo Paulo Rodrigues recebeu das mãos do deputado estadual Fabrício Gandini a Comenda Augusto Ruschi — homenagem destinada a personalidades que se destacam na defesa da natureza.
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