Remédios para ressaca funcionam mesmo? Veja o que diz a ciência
Especialistas explicam por que não existe cura para a ressaca e como prevenir os sintomas.

As confraternizações de fim de ano estimulam o consumo de álcool e tornam o período mais propício a excessos. Além disso, Natal e Ano Novo reforçam a cultura dos brindes prolongados. Como resultado, muitas pessoas acordam com sintomas incômodos no dia seguinte. Nesse cenário, cresce a procura por remédios contra a ressaca. No entanto, a ciência impõe limites claros sobre o que realmente funciona.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiApesar das promessas comerciais, especialistas descartam a existência de uma cura para a ressaca. Ou seja, nenhum comprimido consegue reverter totalmente o quadro. Isso ocorre porque a ressaca envolve vários mecanismos no organismo, como inflamação, desidratação e alterações metabólicas. Portanto, soluções rápidas raramente resolvem tudo. A prevenção, assim, continua essencial.
Leia também – Mistura de energético e álcool causa problemas graves – saiba mais
O único produto que reduz a absorção do álcool
Entre as poucas propostas diferentes, um produto lançado no Reino Unido, em 2022, chama atenção. Chamado Myrkl, ele atua ainda no intestino e reduz a absorção do álcool antes de chegar ao fígado. O produto usa probióticos específicos, capazes de transformar o álcool em substâncias menos tóxicas ao organismo.
Estudos iniciais indicaram redução de até 70% do álcool no sangue. Contudo, a pesquisa avaliou poucos participantes e não analisou diretamente os sintomas da ressaca. Além disso, os dados consideram apenas efeitos de curto prazo. Por isso, especialistas pedem cautela. O produto, inclusive, ainda não está amplamente disponível.
Por que Engov, Epocler e sal de frutas não curam
Já Engov, Epocler e sal de frutas não aceleram o metabolismo do álcool nem desintoxicam o fígado. Na prática, esses produtos aliviam apenas sintomas isolados, como dor de cabeça, azia ou indisposição. Ainda assim, eles não impedem a intoxicação nem eliminam o acetaldeído, principal responsável pelo mal-estar.
A ressaca envolve inflamação, alterações hormonais, distúrbios do sono e mudanças na glicose sanguínea. Além disso, provoca desidratação celular. Portanto, um único medicamento não consegue resolver o quadro completo. Especialistas reforçam que não existe antídoto comprovado. O foco deve permanecer na prevenção.
O que cada produto pode aliviar
O Engov atua como analgésico, antiácido e estimulante leve, o que pode reduzir dor, azia e sonolência. No entanto, o uso associado ao álcool irrita a mucosa gástrica e aumenta o risco de sangramento gastrointestinal. Por isso, a bula orienta moderação.
O Epocler auxilia o metabolismo hepático de gorduras, mas não protege o fígado do excesso de álcool. Estudos não comprovam benefício direto na ressaca. Já o sal de frutas neutraliza a acidez gástrica, porém pode elevar a pressão arterial e causar retenção de líquidos, especialmente em pessoas vulneráveis.
Paracetamol, álcool e outras combinações perigosas
O uso de paracetamol após beber também exige cautela. A associação com álcool aumenta a toxicidade hepática, sobretudo em quem ingeriu grandes quantidades. Além disso, misturar álcool com energéticos agrava o risco de arritmias. Pacientes cardíacos precisam de atenção redobrada.
Diferenças individuais influenciam a intensidade da ressaca. Mulheres atingem maior concentração alcoólica com a mesma dose ingerida. Com o envelhecimento, a eliminação do álcool se torna mais lenta. Consequentemente, os sintomas se intensificam e a recuperação demora mais.
Prevenir ainda é a melhor estratégia
Diante desse cenário, prevenir ainda é a melhor estratégia. Comer antes de beber reduz a absorção do álcool. Beber devagar ajuda o organismo a metabolizar melhor. Além disso, hidratar-se durante e após o consumo é fundamental. Dormir bem também acelera a recuperação.
O corpo precisa de seis a doze horas para eliminar o álcool. Durante esse período, não existe atalho seguro. A hidratação e a alimentação equilibrada ajudam no processo. Segundo especialistas, o consumo moderado evita prejuízos maiores. A abstinência, por fim, continua sendo a opção mais segura.
Com base em informações do portal Globo.