Uso excessivo de telas causa atraso na fala infantil, alertam especialistas
O uso precoce e prolongado de telas está ligado ao aumento dos casos de atraso na fala infantil.

Nos últimos anos, vídeos e aplicativos infantis tomaram conta das rotinas familiares. Apesar de prometerem aprendizado, eles nem sempre entregam o que afirmam. De acordo com estudos da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, as queixas de atraso na fala cresceram mais de 30% entre 2020 e 2024. O uso excessivo de telas está entre os principais fatores de risco, principalmente quando o contato ocorre sem acompanhamento de um adulto.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiConforme a fonoaudióloga Angelika dos Santos Scheifer, especialista em motricidade orofacial, os conteúdos digitais podem ser benéficos apenas quando a criança já domina a fala. “Se ela conversa e interage, vídeos educativos ajudam. Mas quando ainda não fala, a falta de estímulos reais prejudica o desenvolvimento da comunicação”, alerta.
Leia também – Uso excessivo de telas pode prejudicar crianças e jovens – leia mais
Quando a fala não comunica
A especialista explica que falar muitas palavras não significa, dessa forma, comunicar-se bem.
Sinais de alerta incluem:
- A criança não usa palavras para pedir ou responder;
- Não reage quando é chamada;
- Usa frases sem intenção comunicativa;
- Não consegue expressar desejos ou sentimentos;
- Evita interações com outras pessoas.
Se a criança não forma frases simples até os dois anos, é hora de procurar um fonoaudiólogo.
O reflexo das telas dentro de casa
O comportamento dos pais influencia diretamente o uso de telas pelas crianças.
Fatores que aumentam o risco:
- Pais que passam muito tempo no celular;
- TV ligada constantemente;
- Falta de tempo para brincar ou conversar;
- Refeições feitas diante de telas.
Conforme Angelika, a criança não escolhe o tempo de exposição — ela é colocada diante das telas.
Como reverter o atraso na fala
A reabilitação depende, assim, da rotina familiar e da orientação profissional.
A fonoaudióloga recomenda:
- Reduzir o tempo de telas gradualmente;
- Estimular conversas espontâneas;
- Ler histórias diariamente;
- Incentivar o contato com outras crianças;
- Criar momentos de brincadeiras livres, sem dispositivos digitais.
Em alguns casos, o treino familiar orientado por profissionais já traz, portanto, grandes avanços.
Escola e socialização: pilares do desenvolvimento
A escola é ambiente ideal para estimular a linguagem.
Principais benefícios:
- Interação com diferentes adultos e crianças;
- Brincadeiras e músicas que reforçam a comunicação;
- Rotina que exige expressão verbal;
- Apoio pedagógico alinhado à fonoaudiologia.
Angelika destaca: “A fala é liberdade comunicativa. Quando a criança perde a capacidade de se expressar, perde também parte da sua autonomia.”
Com base em orientações do portal Ig.