Saúde e Bem-estar

Ranço existe e psicologia explica; saiba mais

O ranço, ou antipatia imediata, resulta de julgamentos rápidos do cérebro e também de estereótipos sociais. Pode ser autoproteção, mas, sem reflexão, reforça preconceitos.

Beatriz Fraga Beatriz Fraga

A foto mostra expressão de "ranço"
FOTO: Freepik

Quem nunca disse “não fui com a cara dele” ou “o santo não bateu”? Esse sentimento de antipatia imediata, popularmente chamado de ranço, é mais comum do que parece. De acordo com a ciência, o cérebro humano faz julgamentos rápidos em segundos, avaliando expressões faciais, postura e até o tom de voz para decidir se alguém transmite confiança.

Conforme psicólogos, essa reação nasce da chamada cognição tipo 1, rápida e intuitiva, que age antes da análise racional (cognição tipo 2). Experiências passadas também influenciam: lembranças inconscientes podem ser ativadas, principalmente, quando alguém nos lembra de situações negativas. Assim, esse processo ocorre de forma automática, sem que a pessoa perceba, o que reforça a intensidade do ranço. Só depois, com reflexão consciente, é possível questionar e ressignificar esse julgamento inicial.

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Ranço e preconceitos sociais

De conformidade com sociólogos da Universidade de Brasília (UnB), o ranço pode refletir preconceitos enraizados. Racismo, machismo e estigmas contra pessoas negras, mulheres, LGBTs e pessoas com deficiência alimentam esse tipo de antipatia imediata. Piadas preconceituosas e normas de grupo também reforçam tais comportamentos, transformando o ranço em um mecanismo de exclusão social.

Impactos emocionais e sociais

Psicólogos reforçam que nossas reações automáticas são fruto de aprendizados culturais. Generalizar experiências negativas pode gerar exclusão, bullying e até depressão. Ela defende que o autoconhecimento ajuda a ressignificar essas reações, permitindo dar uma segunda chance a quem não agradou de início.

Reflexão necessária

O ranço combina biologia, comportamento e sociedade. Por um lado, funciona como autoproteção; por outro, perpetua estereótipos e injustiças. Reconhecer esse processo é o primeiro passo para transformar julgamentos automáticos em oportunidades de empatia e convivência mais saudável.

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