Uma pesquisa inovadora brasileira está usando a cera do ouvido como ferramenta promissora para antecipar diagnósticos de câncer. Cientistas da Universidade Federal identificaram que a composição química da cera reflete diretamente a condição de saúde do corpo. Dessa forma, alterações detectadas na cera podem indicar doenças antes mesmo de sinais clínicos aparecerem.

A coleta é simples, rápida e ocorre em um ambiente protegido de contaminações externas. “A cera é como uma impressão digital da nossa saúde, e fornece informações únicas sobre nosso organismo”, explica a médica otorrinolaringologista Camilla Oliveira. Assim, a pesquisa oferece uma abordagem multidisciplinar, integrando laboratórios, hospitais e voluntários, que juntos aceleram descobertas científicas e possibilitam diagnósticos precoces.

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Cera do ouvido: uma nova ferramenta de diagnóstico

O estudo, conduzido há dez anos, já detectou diabetes e câncer. Recentemente, novas descobertas demonstraram que a técnica pode identificar estágios iniciais de câncer, facilitando o tratamento e diminuindo o sofrimento dos pacientes. A pesquisa envolveu 751 voluntários: 220 sem diagnóstico prévio e 531 em tratamento oncológico. Entre os sem diagnóstico, cinco apresentaram substâncias atípicas na cera, confirmadas posteriormente como câncer por exames convencionais.

O caso de José Luiz exemplifica o potencial da técnica. Após ter câncer de próstata em 2012, ele se voluntariou para o estudo em 2019. A cera do ouvido detectou células cancerígenas, que exames confirmaram como um novo câncer pélvico. Ele passou por 36 sessões de radioterapia, e exames subsequentes indicaram remissão completa da doença.

A pesquisa é publicada na revista Scientific Reports e ainda depende de regulamentação, mas especialistas afirmam que a técnica poderá tornar o diagnóstico precoce mais rápido e acessível. Quanto antes detectada, maior a chance de cura total.