Uma pedra no município de Iúna, em meio à mata reúne lendas populares e atrai pessoas, movidas pela fé. A fenda entre duas formações rochosas que se tornou ponto turístico fica em Água Santa, localidade do município. Dizem que, quem passa entre elas, se livra dos pecados. Já a água que nasce, próximo da pedra, é atribuída a uma graça alcançada após pedidos a Santa Luzia, padroeira dos olhos.
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O local ganhou o nome de Pedra do Pecado. Bem estreita, é preciso passar de lado. De acordo com os populares da região, quem fica preso, somente consegue sair na presença de um padre. Mas como será surgiu essa lenda?
Segundo Márcio do Nascimento Santana, tudo começou com a chegada do primeiro religioso. O historiador conta que os primeiros homens “civilizados” que desbravaram as matas do território iunense foram os construtores da estrada real São Pedro de Alcântara. Contudo, os primeiros moradores foram os membros das famílias contratadas para cuidarem dos quartéis e os soldados destacados para a guarnição dessa estrada. Junto deles, estava um religioso. O frei Bento di Gênova, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap). O religioso, segundo Márcio, buscava a pedra como refúgio para meditar, rezar e, segundo a tradição, foi também o local escolhido como seu leito de morte.
“Era cultural entre os religiosos buscar refúgio na natureza e entre as pedras. Um exemplo famoso é do franciscano Pedro Palácios. O frade espanhol que fundou o Convento da Penha em Vila Velha, assim que chegou à então Vila do Espírito Santo, segundo a história, só foi encontrado pelos moradores três dias depois, descansando sob uma gruta existente no sopé do morro, ali mesmo, na margem da Prainha, lugar que ficou sendo sua primeira morada e que existe até hoje. Quando falamos de Iúna, a ‘fama’ do local começou em 1866, o Frei Bento teria sido encontrado morto na fenda entre as rochas. Surgindo assim a história que a fenda absolve os pecados”, explicou.
Pedra do Pecado
Segundo o historiador a “sabedoria popular” garante que pedra absolve os pecados, mas o milagre não vem de graça. O pecador precisa passar três vezes pela fenda.
“Essa tradição de ter que fazer algo para alcançar o perdão também vem do frei Bento di Gênova. Era comum entre os religiosos à época, se infligir dores e penitências para ‘desfocar’ a mente dos pensamentos pecaminosos. Historiadores internacionais contam que São Francisco de Assis, por exemplo, pôs as mãos na lareira. Frei Bento, se esfregava entre as formações rochosas, sempre que pensamentos maliciosos o acometia”, comentou.
Mas os pecados são realmente absolvidos ao atravessar a fenda na rocha? Segundo o padre Marconi José de Andrade “depois do batismo não é possível obter o perdão dos pecados mortais sem o Sacramento da Confissão, embora seja possível antecipar o perdão com a contrição perfeita acompanhada do propósito de confessar-se. Por isso, aquele que faz a passagem pela fenda com o coração verdadeiramente arrependido, pode alcança a misericórdia divina, mas é preciso confessar-se depois”.
Água Santa
Mas os milagres do local não param por aí. No Parque da Água Santa existe um poço que não teve seu volume alterado nem nas piores estiagens. Por conta disso, fiéis creditam a água santa a Santa Luzia. Os fiéis realizam até romaria para curar as enfermidades.
“Os moradores contam que em 1899 uma seca castigou a região, mas não as águas da nascente – única que não secou, por conta disso, a população fazia romarias para pedir o fim da seca e buscar água potável. A chuva veio no dia 13 de dezembro, dia de Santa Luzia. A graça, dizem os devotos, foi por intercessão da santa”, explica o historiador.
A igreja particular de Cachoeiro de Itapemirim reconhece o espaço como um local de peregrinação e, por isso, todo dia 13 de cada mês, a Paróquia Nossa Senhora Mãe dos Homens organiza a celebração da Santa Missa no santuário e no dia em que a igreja celebra Santa Luzia (13 de dezembro), ocorre uma Missa Solene, normalmente, presidida pelo bispo diocesano, Dom Luiz Fernando Lisboa, CP.
Fonte: Diocese de Cachoeiro
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