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Especial

Eliane Correia: páginas da história de vida da contadora de histórias

Eliane é membro do Grupo Teatral Gota, Pó e Poeira, de Guaçuí, há 25 anos. Participou de diversos espetáculos adultos e infantis e ganhou alguns prêmios

Por Redação

5 mins de leitura

em 21 de mar de 2023, às 09h49

Foto: Arquivo pessoal/Montagem

Marcos Freire

Ela é atriz, contadora de histórias, escritora, artesã, cineclubista e professora. Além de mãe solo de três filhos. Esta é Eliane Correia, 42 anos, solteira, uma mulher preta e independente que vê os desafios apenas como obstáculos que não podem abatê-la, principalmente, os oriundos dos preconceitos vindos do sexismo, machismo e racismo.

Carioca, Eliane mora em Guaçuí desde os 12 anos de idade. Filha de Rosangela Correia, é mãe do Felipe, 25 anos, da Beatriz, 17, e do Otávio, com 5 anos, que, segundo ela, cresceram dentro da realidade de trabalhar com arte, entre viagens e apresentações. E na divisão entre as diversas funções em que atua, diariamente, hoje, conta com o apoio de seus dois filhos mais velhos e de sua mãe, funcionária aposentada do INSS. “Os dois mais velhos já trabalham comigo, na contação de história, na parte técnica, na produção, dando apoio, e minha mãe se aposentou e também trabalha conosco”, relata.

Eliane é membro do Grupo Teatral Gota, Pó e Poeira, de Guaçuí, há 25 anos. Participou de diversos espetáculos adultos e infantis e ganhou alguns prêmios, ao longo de sua carreira. Também é contadora de histórias há 19 anos, apresentando seus trabalhos, com as artes, pela região do Caparaó Capixaba e alguns estados do Brasil, “levando a cultura da oralidade e o fomento da leitura”.

Eliane Correia em mais um ponto e mais um conto

Professora, Eliane Correia é formada em Letras Português, Artes Visuais e Letras Italiano, sendo especialista em Psicopedagogia, Literatura, Artes e Contação de Histórias. Atua com a disciplina de Português, no município de Guaçuí, na Escola Municipal Deocleciano de Oliveira, onde leciona para alunos do 9º ano.

Além disso, é membro fundadora da Academia Guaçuiense de Letras e Cultura (AGLC), onde ocupa a cadeira de número 6, de Emiliana Emery Viana, representando as Letras e as Artes. Ainda é presidente do Cineclube Badaró, em Guaçuí, e secretária de Assuntos de Formação da Organização dos Cineclubes Capixabas (OCCa). E fundou, também, a “Cia. Mais um Ponto, Mais um Conto…”. “Uma companhia de contadores de histórias que vem ganhando corpo e espaço, levando encantamento às crianças e adultos em diferentes lugares, com espetáculos de temáticas variadas e pertinentes”, explica Eliane que também produz livros e brinquedos interativos, em feltro e tecido, de forma artesanal. “E dentro dessas atividades, também, damos oportunidades para os mais jovens, novos talentos, que estão começando nas artes, que vamos ensinando e colocando no mercado de trabalho”, completa.

Mas ninguém disse que é fácil. Em sua trajetória, Eliane Correia não nega que sofreu com alguns obstáculos impostos pelo sexismo, machismo e racismo. Segundo ela, é algo que ainda impera. “É muito chato, mas não me permito abater por isso”, afirma. “Essas opiniões sexistas, machistas, em ver uma mãe solo, preta, nova e independente se virando, incomoda, inclusive, a muitas mulheres. E eu entendo o incômodo. Mas só incomoda a quem não é muito inteligente”, alfineta.

Eliane Correia recebeu, na Câmara dos Deputados, uma homenagem pelo Dia Internacional do Contador de Histórias (Foto Divulgação).

O reconhecimento que não tem e nunca terá preço

Eliane afirma que só quer provar, por meio de seu trabalho, “cheio de sensibilidade que posso ser tão boa quanto sou agora”. E, entre os dias 16 e 20 deste mês, ela teve seu trabalho reconhecido e elogiado pelos melhores contadores de histórias do Brasil, pessoalmente, no 13º Encontro Internacional de Contadores de Histórias de Brasília, onde ela esteve presente, representando a Cia. Mais um Ponto, Mais um Conto, o município de Guaçuí e o Estado do Espírito Santo. “É algo que não tem preço e mostra que estou no caminho certo”, enfatiza.

No encontro, Eliane Correia recebeu, em uma solenidade na Câmara dos Deputados, uma homenagem pelo Dia Internacional do Contador de Histórias, da deputada Erika Kokay, em parceria com a Associação Amigos das Histórias. Também estava presente, na solenidade, o escritor Fabiano Piúba, secretário de Formação Artística, Livro e Leitura do Ministério da Cultura. Ele enalteceu o ofício dos contadores de histórias e firmou compromisso com a ativação e revitalização das bibliotecas públicas, num processo em que é necessária e importante a participação do contador de histórias.

O evento contou com oficina de Produção de marionetes, com Dalci Brincante, Oficina de Literatura de Cordel, ministrada pelo escritor Marco Haurélio, e uma oficina de Xilogravura, com o xilogravurista Valdério Costa. Também houve saraus e momentos de troca de experiências, com a presença de quase 100 contadores de histórias de todo o Brasil. “Levei um pouco de nossa história, nossa arte e nossa cultura”, pontua, escrevendo mais uma página na história da contadora de histórias que também é autora de sua vida.

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