Inflação é mais alta para ricos, mas medicamentos e alimentos pressionam mais pobres, diz Ipea
As famílias mais ricas perceberam uma inflação maior em abril, mas o reajuste de medicamentos e de alimentos também pesou sobre o orçamento dos mais pobres no mês, informou nesta terça-feira, 16, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostra que a inflação acelerou de 0,53% […]
As famílias mais ricas perceberam uma inflação maior em abril, mas o reajuste de medicamentos e de alimentos também pesou sobre o orçamento dos mais pobres no mês, informou nesta terça-feira, 16, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostra que a inflação acelerou de 0,53% em março para 0,60% em abril para o segmento familiar de renda muito baixa. Para o grupo de renda alta, a inflação passou de 0,69% em março para 0,68% em abril. Todas as classes de renda mostraram desaceleração da inflação na passagem de março para abril, com exceção do segmento de renda muito baixa.
“Em abril, de uma maneira geral, o principal ponto de pressão inflacionária veio da alta do grupo saúde e cuidados pessoais, refletindo, sobretudo, o reajuste de 3,6% dos produtos farmacêuticos. Para o segmento de renda alta, entretanto, o maior impacto inflacionário, em abril, foi originado pelo grupo transportes, repercutindo o aumento de 12% das passagens aéreas. Ainda que em menor intensidade, a alta dos alimentos no domicílio – especialmente dos cereais (1,2%), dos tubérculos (4,1%) e dos leites e derivados (2,9%) – também contribuiu para a inflação de abril em todos os estratos de renda”, apontou a técnica Maria Andreia Parente Lameiras na Carta de Conjuntura do Ipea.
Com o resultado, a inflação acumulada em 12 meses foi de 6,10% na faixa de renda alta e de 4,13% na faixa de renda muito baixa.
“Em relação aos alimentos no domicílio, mesmo diante de uma desaceleração da inflação acumulada em doze meses, este grupo ainda apresenta alta expressiva, impactado, sobretudo, pelos reajustes de cereais (10,9%), farinhas e massas (16,8%), frutas (18,9%), leite e derivados (14,7%) e panificados (12,9%). No que diz respeito ao grupo saúde e cuidados pessoais, observa-se que, para as famílias de renda mais baixa, os aumentos de 9,3% dos produtos farmacêuticos e de 13,1% dos artigos de higiene foram os principais focos inflacionários no período. Já para as famílias de maior poder aquisitivo, a alta de 15,3% dos planos de saúde nos últimos doze meses se constituiu no maior ponto de pressão inflacionária. Registra-se, ainda, que para a faixa de renda alta, o comportamento do grupo despesas pessoais, impactado pelos reajustes de 6,4% dos serviços pessoais e de 8,3% dos serviços de recreação, também ajuda a explicar a alta da inflação deste segmento, nos últimos doze meses”, completou Maria Andreia.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e usado pelo Ipea para fazer o cálculo da inflação por faixa de renda, desacelerou de 0,71% em março para 0,61% em abril. A taxa acumulada em 12 meses ficou em 4,18% em abril.
O indicador do Ipea separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar menor que R$ 2.015,18 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 20.151,76, no caso da renda mais alta.
Estadao Conteudo
Receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp e fique por dentro de tudo! Basta clicar aqui.