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Nacional

Sucuri expele cobra da mesma espécie: pesquisadora do Butantan vê canibalismo

A especialista em serpentes do Instituto Butantan, acredita que houve canibalismo no caso da sucuri-verde que aparece em vídeo regurgitando outra sucuri da mesma espécie

Por Estadão

3 mins de leitura

em 24 de maio de 2023, às 16h02

Foto: Reprodução

A pesquisadora Selma Maria de Almeida Santos, especialista em serpentes do Instituto Butantan, acredita que houve canibalismo no caso da sucuri-verde que aparece em vídeo regurgitando outra sucuri da mesma espécie. O vídeo, que mostra a cobra gigante expelindo pela sua boca uma cobra de menor porte, foi feito pelo pescador Marcelo Parreira no reservatório de uma usina hidrelétrica, no município de Caçu, no sudoeste de Goiás.

De acordo com a pesquisadora, como há um disformismo sexual – quando o macho e a fêmea da espécie são diferentes externamente – muito grande entre as sucuris-verdes, ela acredita que a cobra maior é uma fêmea e, possivelmente, a que foi engolida seja um macho. “O que a gente vê no vídeo é que a sucuri-verde maior acabou se alimentando de um animal da mesma espécie. Porém, ela não constringiu (apertou) o macho e, como ele estava saudável, começou a procurar uma saída. Nosso interesse nos vídeos é que mostram esse comportamento bem incomum do animal”, disse.

Ela supõe que os fatos se passaram durante o verão, quando as sucuris-verdes se reproduzem. “A fêmea provavelmente estava em período reprodutivo. O macho pode ter ficado muito próximo a ela e a fêmea pode ter predado o macho, de forma até bastante pacífica. Existe na literatura casos de canibalismo, em que uma sucuri mata a outra para se alimentar. Isso já foi descrito, tem um trabalho na Venezuela, que tem parte da floresta amazônica. Um pesquisador descreveu o canibalismo entre sucuris.”

A pesquisadora disse que, no caso do vídeo brasileiro, a cobra maior não matou a menor. “Nesse relato (do vídeo), a gente tenta entender porque ela pegou o macho e não constringiu. Geralmente as jiboias e sucuris se enrolam, apertam e matam a presa asfixiada. Isso não ocorreu com o macho. Estamos levantando a época em que isso aconteceu para ter mais certeza.”

Selma, que trabalha com reprodução e comportamento reprodutivo das cobras, não descarta, porém, a possibilidade de o animal menor ser outra fêmea. “Pode ser simplesmente outra fêmea menor que a serpente, por canibalismo, acabou engolindo. Estamos analisando detidamente as imagens e devemos também pedir mais informações aos pescadores sobre coisas que não estão no vídeo e que eles podem ter visto.”

O objetivo, segundo ela, é fazer a publicação do resultado das observações e pesquisas em uma revista científica. “Reunindo essas informações com outros dados que já temos publicado e estamos pesquisando, isso favorece alguma publicação científica em revista da área, de preferência internacional. Por ora, trabalhamos com algumas hipóteses, mas a ciência é feita através de hipóteses que serão corroboradas ou não”, disse.

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