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Turismo

Muniz Freire: igrejinha de Santa Rita guarda histórias de fé e devoção

Construída em 1958, a capela de Santa Rita de Cássia – a Santa dos Impossíveis, foi o agradecimento de uma grande graça alcançada

Por Alissandra Mendes

5 mins de leitura

em 11 de ago de 2023, às 15h27

Foto: Alissandra Mendes
Foto: Alissandra Mendes

Uma igrejinha construída em um dos pontos altos da localidade de Sumidouro, em Santo Amaro, zona rural de Muniz Freire, no Sul do Espírito Santo, guarda histórias de fé e devoção, e é um dos atrativos do turismo religioso na região.

Construída em 1958, a igrejinha de Santa Rita de Cássia – a Santa dos Impossíveis, foi o agradecimento de uma grande graça alcançada e que, para os acreditam, teria salvado a vida de muitas crianças naquela época.

Nos anos de 1957 e 1958 o mundo sofreu com uma pandemia global gripe asiática, originária da China, que se espalhou rapidamente e matou mais de dois milhões de pessoas, em sua grande maioria, as crianças.

Placa na entrada para a igrejinha de Santa Rita de Cássia
Foto: Alissandra Mendes

O curandeiro e espírita, Altino Fonseca, conhecido como ‘Tininho’ conseguiu, através de orações a Santa Rita de Cássia, evitar que as crianças da região morreram por causa da doença.

Os moradores mais antigos da região contam que durante a pandemia e a morte de crianças, ‘Tininho’ teria feito uma promessa à Santa Rita e, se alcançasse a graça, construiria uma igrejinha no ponto mais alto da localidade. O pedido foi feito com tanta devoção que as crianças que estavam doentes começaram a se curar e a doença parou de fazer vítimas na região.

Para agradecer a graça, ‘Tininho’ e mais um ajudante carregou os tijolos, o cimento e a areia nas costas até o local, e cumpriu a promessa de construir a capela em homenagem à Santa Rita de Cássia.

Durante anos, ele cuidou sozinho da igrejinha, pintando e reformando. Depois de um tempo, moradores começaram a cuidar do local, sempre contando com doações da comunidade.

‘Tininho’ faleceu em 2011, aos 98 anos, no distrito de Conduru, zona rural de Cachoeiro de Itapemirim, onde morou os seus últimos 20 anos de vida.

Igrejinha em Muniz Freire é vista de vários pontos

A igrejinha de Santa Rita é vista de vários pontos da comunidade
Foto: Alissandra Mendes

Quando inaugurou a igrejinha de Santa Rita de Cássia, em 1958, ‘Tininho’ conversou com o padre de Santo Amaro para fazer uma celebração no local. Por ele ser espírita, o padre se recusou a ir até o local celebrar uma missa. Com o tempo entraram outros padres e de vez em quando celebravam no local.

A história de fé e devoção de ‘Tininho’ no entanto, começou antes da pandemia da gripe asiática. Ele montou um Centro Espírita aos 20 anos, na localidade de Santo Amaro, também em Muniz Freire, depois de intensas crises e problemas com sua personalidade.

As crises duravam dias e, depois de procurar muitos curandeiros em várias partes do Brasil, a família de ‘Tininho’ enfim, encontrou uma solução: levaram ele em muitos benzedores e todos disseram que ele tinha que montar um Centro Espírita para melhorar as crises. E depois que ele montou, nunca mais teve.

Nessa época ‘Tininho’ se casou com sua primeira esposa, que morreu durante o parto do primeiro filho do casal, que também morreu. Anos mais tarde, ele se casou novamente e teve quatro filhos.

Até os dias de hoje, as pessoas visitam a igrejinha para fazer pedidos e cura.

“Tininho salvou a vida de muitas crianças naquela época”

Imagem de Santa Rita de Cássia colocada no interior da Igrejinha que leva seu nome
Imagem de Santa Rita de Cássia no interior da igrejinha (Foto: Alissandra Mendes)

A aposentada Waldira Aparecida Soares, 96 anos, hoje moradora de Conceição do Castelo, na região Serrana, contou que a promessa de ‘Tininho’ salvou muitas crianças naquela época.

“Quando começou aquele surto da gripe asiática, ele fez um pedido à Santa Rita e se conseguisse salvar a vida daquelas crianças, ele iria construir aquela igrejinha. Lembro que muitas crianças foram salvas e ele cumpriu a promessa”, contou.

Naquela época, Waldira morava na localidade de Santo Amaro, zona rural do município de Muniz Freire. “Minhas duas filhas, Maria da Penha e Euliana, que tinham quatro e dois anos, tiveram a gripe. Era uma gripe muito forte acompanhada de roquidão, e quando meu marido foi buscar um remédio para eles, foi informado que o ‘Tininho’ estava benzendo e dando um chá feito com raízes para as crianças tomarem. Levamos as meninas lá, elas também tomaram e foram curadas”, relembrou.

Ela ressaltou que não sabe precisar quantas crianças tomaram o chá, mas nenhuma criança da região morreu com a gripe, que já havia matado milhões pelo mundo afora. “Naquele mesmo ano de 1958, ele construiu a igrejinha e colocou lá dentro a imagem de Santa Rita do tamanho de uma criança de dois anos, como forma de agradecimento pela graça alcançada”, disse a aposentada.

Waldira comentou ainda que há mais de 50 anos não visita o lugar e que nunca, enquanto morou na comunidade, viu uma missa ser celebrada no local. “Quando me casei, meus pais compraram uma grinalda muito bonita que já vinha com um buquê. Quando o ‘Tinhinho’ construiu a igrejinha eu já tinha quatro anos de casada, e na minha primeira visita ao local, levei a grinalda e o buquê e coloquei nos pés de Santa Rita, também para agradecer a cura das minhas filhas. Desde que me mudei de Santo Amaro, nunca mais subi até a igrejinha”, completou.

Como chegar?

Para chegar até a localidade de Sumidouro, em Santo Amaro, o acesso pode ser por Muniz Freire ou pelo distrito de Vieira Machado.

Veja como chegar em Muniz Freire:

Para quem sai de Cachoeiro de Itapemirim, o trajeto é feito por outra rota. Confira:

De Muniz Freire, o acesso até a igrejinha é feito em 34 minutos, aproximadamente. Veja a rota:

Outra alternativa é pelo distrito de Vieira Machado:

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