Marido de Walewska diz que foi impedido pela família de ir ao velório
Ricardo Mendes, que esteve casado com ela há 20 anos, não esteve presente no velório e enterro da mulher no sábado, em Belo Horizonte (MG)
Pela primeira vez desde a morte de Walewska Oliveira, aos 43 anos, o marido da jogadora se pronunciou nesta segunda-feira (25). Ricardo Mendes, que esteve casado com ela há 20 anos, não esteve presente no velório e enterro da mulher no sábado, em Belo Horizonte (MG). Segundo ele, foi barrado pela família da jogadora.
“Me tiraram o direito de me despedir do amor da minha vida”, disse, em entrevista ao site UOL. “Estava com o bilhete aéreo emitido, um amigo da família disse que os pais dela orientaram eu não ir, até para preservar a todos pelo clima da tragédia.” De acordo com o Boletim de Ocorrência, registrado na última quinta-feira, Walewska caiu do 17º andar em cima da sacada de um apartamento do primeiro andar.
Mendes disse à polícia que chegou no apartamento do casal às 17h30 e declarou não saber que sua mulher estava no prédio. A gestora do condomínio informou ao marido da atleta sobre a morte. Ele teria ficado muito chocado e permanecido “imóvel para não ter de ver sua mulher naquela situação”.
Em depoimento à Polícia Civil do Estado de São Paulo, que conduz a investigação sobre a morte da atleta, afirmou que tinha problemas de relacionamento com a mulher. O casal já havia, inclusive, discutido sobre uma possível separação.
“Por todo o amor que eu tenho por ela, se eu soubesse que ela iria tomar essa decisão, eu anularia minha vida e os meus sentimentos para continuar com ela”, reforçou o marido. Mendes não estava no local quando Walewska caiu do 17º andar do condomínio, localizado na Bela Vista. Antes do acidente, ele recebeu uma mensagem da mulher, a respeito da decisão de se separarem.
CARREIRA DE WALEWSKA
Natural de Belo Horizonte, Walewska começou sua carreira profissional no vôlei em 1995, atuando pelo Minas Tênis Clube, equipe na qual ficou até 1998, quando foi convocada pelo técnico Bernardinho pela primeira vez para a seleção brasileira. Ela tinha apenas 19 anos.
A jogadora conquistou medalha de ouro com a seleção brasileira nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá, em 1999. No ano seguinte, a central ajudou o Brasil a ficar com o bronze na Olimpíada de Sydney-2000.
Depois de um período longe da seleção, ela voltou a ser convocada pelo técnico José Roberto Guimarães e fez parte do time que ficou com o quarto lugar nos Jogos de Atenas, em 2004. Ela trabalhou com os dois grandes treinadores do vôlei brasileiro: Zé Roberto e Bernardinho. Ambos lamentaram a morte da atleta nesta sexta-feira, bem como outras personalidades e entidades esportivas. A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) afirmou que Walewska era uma “jogadora especial” e que sua trajetória no esporte será “sempre lembrada e reverenciada”
Depois que se aposentou, Wal, como era chamada, passou a ser “especialista em liderança e alta performance”, como ela mesmo se descrevia, e lançou a biografia “Outras Redes”, o documentário “O Último Ato” e o podcast OlympicMind.
Publicada em janeiro deste ano, a biografia, cujo prefácio foi escrito por Bernardinho, conta as memórias e desafios que a jogadora enfrentou na vida e no vôlei, ao qual se dedicou por 30 anos. Dias antes de morrer, ela visitou o centro de treinamento do Palmeiras e conheceu o técnico Abel Ferreira, com o qual trocou livros e experiências. O treinador disse ter sido uma “honra extraordinária” conhecer a atleta, eleita melhor levantadora do mundo em 2008, e, como todos, recebeu com incredulidade a notícia da morte da jogadora.
Estadao Conteudo
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