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Variedades

Uma nova Xuxa nas telas: ‘Agora é a minha voz, o que eu penso’

A Xuxa que está de volta tentando reconquistar seu posto de rainha das bilheterias é outra mulher

Por Estadão

5 mins de leitura

em 13 de out de 2023, às 08h33

Crédito: Blad Meneghel/ Divulgação
Crédito: Blad Meneghel/ Divulgação

Xuxa permanece no imaginário dos brasileiros. Há uma, duas gerações, tornou-se um fenômeno midiático. Era a rainha dos baixinhos, mas eles cresceram. O mundo mudou, a Xuxa mudou. A Xuxa que está de volta tentando reconquistar seu posto de rainha das bilheterias é outra mulher. Ninguém sabe isso melhor do que ela, que chegou aos cinemas na quinta-feira (12), com Uma Fada Veio Me Visitar.

Essa presença resistente como ícone popular ficou evidente naquele que talvez tenha sido o momento mais divertido da coletiva de lançamento do filme. O garoto que faz o namoradinho da jovem que a “fada” Xuxa protege contou que aprendeu muito com o profissionalismo dela. E acrescentou: “Minha mãe, quando soube que eu ia trabalhar com a Xuxa, não queria acreditar. É superfã dela”.

O cinema já contou muitas histórias de fadas. “Mas de uma fada de 60 anos não”, destaca Xuxa. A própria Tontom Périssé – filha de Heloisa Périssé -, que faz o papel da garota, não acredita quando a fada-madrinha aparece. E faz uma série de exigências para que ela prove seu poder. A reação é imediata: “Sou fada, não mágica”.

Ninguém duvida que Xuxa seja uma mulher corajosa. Voltar é um risco e tanto para quem já foi a número um. Especialmente após a ausência de 14 anos, e num momento em que filmes brasileiros não ativam as bilheterias – mesmo os com maior potencial de público, como Tire Cinco Cartas e Pérola. Ela não esconde a expectativa, mas reconhece as dificuldades.

“Gosto muito da história do livro de Thalita Rebouças, que aborda temas importantes da adolescência. Fiquei com o enredo na cabeça, o momento chegou.” A própria Thalita não se reconhece na versão anterior – É Fada, com Kéfera, de 2016. Agora, trabalhando em parceria com Vivianne Jundi – que fez Os Detetives do Prédio Azul 2, dirigiu seis temporadas de DPA na TV e codirigiu o terceiro filme da franquia -, identifica sua voz nos diálogos e na trama. “Xuxa diz que não é atriz, mas ela é, sim”, garante Thalita.

BÊNÇÃO

Dani Calabresa, que faz uma participação, conta que foi uma bênção não ter contracenado com Xuxa no set. “Ia chorar, sou fã dessa mulher.” A diretora compartilha a experiência de trabalhar com a rainha. “Xuxa é essa figura com quem o Brasil se identifica. Não é uma fada qualquer. É a Xuxa. A personagem, Tatu, tem muitas falas que remetem diretamente a ela”, conta.

No filme, Xuxa tem um discurso final – a mensagem – em que fala contra bullying e preconceito, a favor da diferença de raça, gênero. O discurso é abrangente. Racismo, meio ambiente, Amazônia, desigualdade social. É a fada ou a própria Xuxa que revela essa consciência social e política?

A nova Xuxa é uma mulher empoderada. Ela imaginou que chegaria a essa idade com essa cabeça mais aberta? Sempre foi criticada por suas paquitas loiras – nenhuma negra – e pelo que os detratores chamavam de sexualização da infância. Faz sua autocrítica: “Durante muito tempo, as pessoas falavam por mim. Acabou. Agora é a minha voz, o que eu penso”.

Esse empoderamento não veio de uma hora para outra. O repórter brinca: Xuxa acordou um dia e disse a si mesma que ia mudar? “Nãããoo, as coisas não acontecem assim. Foi um processo.” Houve o livro autobiográfico Memórias, a coluna da Vogue, em que relatou episódios de abuso sexual na infância, o documentário do GloboPlay.

COM MARLENE

No quarto episódio de Xuxa, O Documentário, ela reencontrou Marlene Mattos, amiga e diretora por 19 anos. Romperam e nunca mais haviam se falado. No doc, Xuxa acusa: “Você não gostava de crianças”. Afirma que Marlene abusou dela psicologicamente ao promover um inesperado encontro com seu pai – com quem ela estava rompida. Acabou! Xuxa retomou tudo – seu lugar de fala, o controle da própria vida.

Muito do que ela hoje defende está na contramão do que o Brasil viveu nos últimos anos. No passado, ela deu voz à gotinha, nas campanhas de vacinação. “O Brasil era referência mundial de saúde pública. A vacinação infantil atingia 97%.”

Xuxa parece serena, uma mulher plena. Bela sempre foi. Ela conversa com o repórter reservadamente – uma das entrevistas individuais que deu, no hotel da Barra da Tijuca, no Rio. Brinca com a cachorrinha, no colo. A defesa dos animais é outra causa.

Na vida, e não apenas na arte, essa mulher sempre teve uma abertura para o fantástico. Imagens – e sons – passam pela cabeça do repórter, que a entrevistou outras vezes e visitou seus sets. “Doce, doce, doce, a vida é um doce, vida é mel”, “Lua de cristal, que me faz sonhar”, “Tudo o que eu quiser, o cara lá de cima vai me dar”. Filmes como Super Xuxa Contra o Baixo Astral, Lua de Cristal, Xuxa e os Duendes. Ela acredita em fadas?

“Uma vez, eu estava em casa, à noite. Sasha dormia. Vi aquela luzinha se movendo no quarto. Não era um vaga-lume. Acordei a Sasha, para que ela também visse. Não sei se era uma fada, não vi, mas senti uma presença”, conta Xuxa. Para ela, nada parece impossível. Uma Fada Veio me Visitar chegou aos cinemas no Dia das Crianças. Serão 400 salas de todo o Brasil. Xuxa, Thalita Rebouças e a diretora Vivianne Jundi já falam em novas parcerias. Fada 2?

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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