Mesmo sem encantar, o Boca Juniors chegou à decisão da Copa Libertadores em 2023. Pode-se falar em destino, mística no torneio, força da camisa e tantos outros misticismos que cercam o clube de Buenos Aires, mas o certo é que ao longo de sua história centenária, essa não será a primeira vez que a equipe surpreende no caminho rumo à “Glória Eterna”. Neste ano, quando entrar no Maracanã para enfrentar o Fluminense, sábado (4), os xeneizes buscarão seu sétimo título continental, após etapa de mata-mata sem vitórias, se acontecer, será a segunda “pior” equipe campeã da competição. A final acontece neste sábado (4), a partir das 17h (horário de Brasília).
O Boca empatou todas as partidas eliminatórias desta edição, nas oitavas, quartas e semifinais. Contra Nacional, do Uruguai, Racing e Palmeiras, o time avançou na disputa por penalidades graças ao goleiro Sergio Romero. Se o ataque, mesmo com a figura de Edinson Cavani, contratado para que o clube conseguisse buscar esse título, não consegue produzir e ser efetivo, foram apenas três gols nos empates do mata-mata, o arqueiro assumiu a responsabilidade no momento decisivo.
Dos 11 pênaltis (nenhuma decisão chegou na quinta cobrança), Romero defendeu seis – dois em cada uma das disputas. São 54,5% de aproveitamento nas penalidades, média que impressiona e que é um risco para o Fluminense, caso o jogo termine empatado ao final dos 120 minutos no Maracanã, tempo normal mais prorrogação. “Aos 36 anos, quando chega aos pênaltis, eu me divirto, posso aproveitar, e tudo fica mais simples”, afirmou o goleiro, em entrevista após a partida contra o Palmeiras, na semifinal.
O desempenho do Boca Juniors nessa Libertadores é medíocre, quando comparado às outras campanhas do time e dos campeões da competição. Além de não vencer uma partida sequer no mata-mata, marcou apenas 12 gols em 12 jogos. Além disso, tem um aproveitamento de 52,8% após os 12 primeiros jogos e, caso seja campeão em mais uma disputa por pênaltis, será o segundo “pior” campeão da história da Libertadores.
Apenas a LDU, em 2008, registrou desempenho pior. Nos 14 jogos, teve aproveitamento inferior a 50% (exatos 47,6%). Curiosamente, 15 anos depois da decisão que sagrou a equipe equatoriana, o rival e o estádio da final serão os mesmos: Fluminense e Maracanã. Vale lembrar que a Conmebol escolhe o estádio da final antes mesmo da competição.
ATAQUE XENEIXE
Foram apenas cinco gols sofridos pelo Boca Juniors em toda a Libertadores desse ano. Luis Advíncula e Matías Rojo, que não jogará a decisão por ter sido expulso no duelo com o Palmeiras, lideram o setor. Mas a defesa não é o único destaque da equipe de Buenos Aires, mesmo que não tenha ido às redes com tanta frequência contra o rival deste sábado (4), o ataque do time argentino merece destaque e atenção.
Partiu dos pés de Cavani, principal contratação do Boca na temporada, o gol do empate com o Palmeiras na fase anterior à decisão. Esse foi o único gol do atacante de 36 anos em toda a competição. “Jogamos por momentos, por um momento nos defendemos, por que o Palmeiras é um time muito bom, mas o Boca é o Boca e temos de competir sempre”, afirmou, após a classificação à decisão.
“BOCA É BOCA”
Seja mística ou um plano da equipe comandada por Jorge Almirón, o Boca Juniors se tornou o primeiro time da história da competição a chegar à decisão sem vencer uma partida na fase mata-mata. É a 12ª final, com seis títulos nas 11 anteriores, a última foi em 2018, contra o maior rival River Plate. Das seis conquistas, três foram no Brasil, 2000, contra o Palmeiras; 2003, diante do Santos; e 2007, em cima do Grêmio.
“O Boca é uma equipe que sabe o que joga, que tem objetivos claros e os está cumprindo claramente nesta temporada”, afirma Gonzalo Suli, jornalista do diário argentino Olé em contato com a reportagem do Estadão. “Ele costuma ter jogos em que impõe muita dificuldade para os rivais marcarem. A defesa do Boca consegue funcionar bem, principalmente nas partidas da Libertadores.”
Estadao Conteudo
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