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Internacional

ChatGPT é eleito primeiro ‘não-humano’ em ranking da revista ‘Nature’

Lançado em novembro de 2022, o robô de bate-papo de inteligência artificial (IA) da OpenAI impressionou o mundo por suas capacidades de diálogo fluido

Por Estadão

4 mins de leitura

em 14 de dez de 2023, às 09h00

Foto: Reprodução/Internet
Foto: Reprodução/Internet

A revista americana Nature elegeu o ChatGPT como uma dos grandes destaques de 2023 no campo da Ciência no mundo, segundo ranking divulgado nesta quarta-feira (13). Essa é a primeira vez que a publicação escolhe uma personalidade não-humana para a lista, que, neste ano, também elegeu a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, pela sua atuação na proteção à Amazônia.

Essa estreia de um robô no levantamento é “um reconhecimento do papel que a inteligência artificial (IA) desenvolvida para imitar a linguagem humana está tendo no desenvolvimento e no progresso da ciência”, declarou a Nature.

Lançado em novembro de 2022, o robô de bate-papo de inteligência artificial (IA) da OpenAI impressionou o mundo por suas capacidades de diálogo fluido e pela praticidade em entender comandos de usuários em diversas áreas. Graças à tecnologia de LLM (modelo amplo de linguagem, na sigla em inglês), a ferramenta consegue escrever diálogos criativos, e-mails formais, redações de vestibular, planejar viagens, jogar jogos, realizar operações matemáticas e diversas outras funcionalidades.

Segundo a revista, o ChatGPT representa uma potencial nova era para a ciência ao permitir que pesquisadores repensem como podem trabalhar no campo acadêmico. A ferramenta também “reacendeu os debates sobre os limites da IA, a natureza da inteligência humana e a melhor forma de regular a interação entre os dois”, diz.

“Ninguém sabe o quanto ainda é possível extrair dos sistemas do tipo ChatGPT. Seus recursos ainda podem ser limitados pela disponibilidade de capacidade de computação ou de novos dados de treinamento. Mas a revolução da IA generativa já começou. E não há como voltar atrás”, escreveu a revista.

Além do ChatGPT, outra personalidade citada no ranking é Ilya Sutskever, cientista que ajudou a fundar a OpenAI e é um dos principais nomes na criação do ChatGPT. Formado pela Universidade Aberta de Israel e com doutorado em ciência da computação pela Universidade de Toronto, o cientista nasceu na ainda União Soviética e se mudou para a América do Norte para se especializar na área de aprendizado profundo de máquina (deep learning).

Atualmente, ele é cientista-chefe da OpenAI e foi o principal personagem na crise com o CEO Sam Altman em novembro passado, quando Altman foi demitido e recontratado da empresa em apenas uma semana. De acordo com o jornal americano The Wall Street Journal, Sutskever foi o responsável por demitir Altman e mobilizar a diretoria da empresa contra o CEO.

Dois dias após a demissão, porém, Sutskever disse ter mudado de ideia. Em sua conta no X, ele chegou a afirmar que se arrependia de sua participação nas decisões tomadas pelo conselho da companhia. À época, Altman respondeu a publicação com corações.

Supercondutividade ganha destaque

A área da supercondutividade foi destaque no ranking da Nature, que elegeu o cientista James Hamlin como uma das dez pessoas mais influentes da ciência em 2023.

Neste ano, Hamlin foi um dos acadêmicos responsáveis por desmascarar a pesquisa do cientista Ranga P. Dias, que atestava ter solucionado a questão da supercondutividade elétrica em temperatura ambiente, o que permitiria o avanço de diversos segmentos nas ciências. Sem revisão por pares, a pesquisa gerou um “frenesi” na comunidade científica.

Formado pela Universidade de Washington, Hamlin trabalhou toda a sua carreira em pesquisas de materiais supercondutores em testes de alta pressão, para identificar as propriedades de produtos e a capacidade desses componentes de conduzir energia (elétrons) – um supercondutor, por definição, tende a ser um material que transmite a maior quantidade de elétrons com a menor dissipação de calor possível.

Após a publicação do trabalho de Ranga Dias na revista Nature, que afirmava ter chegado a um supercondutor em temperatura ambiente, Hamlin e seus colegas decidiram replicar o estudo. O resultado foi o esclarecimento de uma farsa: o estudo de Dias era falso e manipulado, com experimentos demonstrados por Hamlin e seus associados.

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