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Cidades

Quatro anos após maior enchente da história, avenida em Cachoeiro segue abandonada

O rio Itapemirim atingiu a incrível marca de 12 metros acima do normal.

Por Pammela Volpato

5 mins de leitura

em 25 de jan de 2024, às 16h39

Foto: Divulgação PMCI
Foto: Divulgação PMCI

Era uma tarde de sábado, o dia era 25 de janeiro de 2020. O rio Itapemirim começou a subir e a tomar conta das ruas em mais uma enchente em Cachoeiro. A água continuou a subir e, ao que pareceu um piscar de olhos, invadiu casas e comércio. No bairro Arariguaba, parte da avenida Newton Braga cedeu e uma enorme cratera se abriu.

Tudo aconteceu muito rápido e os moradores não tiveram tempo de retirar seus pertences antes que a água chegasse. O rio Itapemirim atingiu a incrível marca de 12 metros acima do normal. De acordo com a Prefeitura de Cachoeiro, foi a maior enchente já registrada na história do município.

Sob os olhares incrédulos de cachoeirenses atônitos, a água seguiu seu percurso deixando um rastro de destruição pela cidade. E, assim que baixou, o que se viu em vários bairros da cidade, foram cenas de devastação. Muita lama e sujeira por todos os lados.

Em meio ao caos, os moradores e comerciantes tentavam recuperar alguma coisa, mas foi em vão. Roupas, móveis, eletrodomésticos e mercadorias das mais diversas, tudo foi danificado ou destruído. Mais de 14 mil toneladas de entulho e lama foram retiradas das ruas e outros locais públicos, como praças e quadras de esportes.

Segundo dados divulgados pela Prefeitura, ao todo, 1.500 pessoas ficaram desalojadas e 1.624 realizaram o cadastro para receber o Cartão Reconstrução, benefício de R$ 3 mil concedido pelo governo estadual. Após a enchente, 2.271 imóveis foram vistoriados pela Defesa Civil.

Avenida foi danificada durante a enchente em Cachoeiro

Ainda falando sobre a destruição provocada na cidade, parta da avenida Newton Braga, que liga os bairros Arariguaba e Monte Belo, caiu durante a enchente. A forte correnteza destruiu uma parte da via, que precisou ser parcialmente interditada. Uma enorme cratera se abriu no local, também conhecido como “Curva do Caixão”.

Trata-se de uma importante avenida da cidade, que conta com tráfego intenso de veículos, mas que desde então, está abandonada. A única intervenção feita na estrada foi a colocação de blocos de concreto para isolar o buraco. Como resultado, o perigo é iminente!

Hoje, quatro anos após o ocorrido, nenhuma obra foi feita na avenida, nem mesmo um paliativo. De lá para cá, a única diferença é o mato que cresce no local.

De acordo com a secretária de Obras, Serviços e Manutenção, Lorena Vasques,  existe um projeto no valor de R$ 4,3 milhões para a construção de um muro e reparo total da via. “A Prefeitura vai enviar um Projeto de Lei para a Câmara autorizar a suplementação e assim que conseguirmos o recurso, damos início à licitação para escolher a empresa que vai executar o serviço”.

Tragédia anunciada

A avenida Newton Braga é uma importante via de ligação no município de Cachoeiro. Mesmo assim, não recebe a devida atenção. Motoristas que precisam passar diariamente pelo local, se sentem inseguros com a situação de abandono.

Devido à ação do tempo e da erosão, a cratera está aumentando e há a possibilidade de o restante do asfalto também ceder, interditando de forma definitiva o trânsito. Questionada sobre o longo tempo que a via está sem receber intervenção, Lorena afirma que o local não está abandonado. “Trata-se de uma obra estrutural, não sendo possível realizar paliativo. É uma obra complexa e cara, por isso precisamos seguir os trâmites legais para fazer da forma correta e definitiva”.

Teatro Rubem Braga também segue fechado

Do mesmo modo, um prédio público que foi duramente castigado pela enchente devastadora de 2020 em Cachoeiro é o Teatro Rubem Braga. Um dos mais importantes pontos culturais do Sul do Espírito Santo, o local está fechado e sem condições de receber espetáculos há quatro anos.

O imóvel foi tomado pelas águas do Rio Itapemirim, que danificaram todos os imóveis, cadeiras da plateia e equipamentos de som. Desde então, o município busca recursos para reformar o teatro. Em outubro do ano passado, o governador Renato Casagrande assinou uma ordem de serviço, no valor de R$ 5 milhões, mas até hoje a obra não foi iniciada. Ou seja, espaço segue sem reforma e não há ainda uma data para a reabertura.

Prevenção

Mesmo quem não foi diretamente afetado pela enchente, nunca vai esquecer os momentos de terror vividos naquele 25 de janeiro. A apreensão toma conta dos cachoeirenses toda vez que o nível do rio começa a subir. Por isso, atuar de forma preventiva é fundamental para evitar novos desastres.

Neste sentido, a Defesa Civil de Cachoeiro monitora e acompanha o nível do rio Itapemirim. As medições são divulgadas na página www.cachoeiro.es.gov.br/defesa-civil/plantao-defesa-civil.

O município conta com apoio de uma tecnologia do Governo Estadual para monitorar, com até 12 horas de antecedência, as cheias na cabeceira da bacia do rio Itapemirim. O sistema é da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), que capta informações a partir das Estações Hidrológicas já existentes (sistema elétrico), e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Além disso, há três estações instaladas na bacia do Itapemirim, o que permite monitorar os principais pontos de contribuições do rio.

Por fim, em caso de emergências, a população pode acionar a Defesa Civil pelos telefones 199 e (28) 98814-3497 (plantão 24 horas).

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