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Nacional

“Não percebi que meu tio estava morto”, diz acusada de estelionato

Segundo Érika, nem ela e nem a sua família precisavam do dinheiro, e quem queria o empréstimo era o próprio tio para uma obra no quintal da casa em que moravam

Por Estadão

4 mins de leitura

em 06 de maio de 2024, às 09h14

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Érika de Souza Vieira Nunes, que tentou sacar um empréstimo bancário de R$ 17 mil reais em nome do tio, falou ao programa Fantástico, da TV Globo, que não percebeu que o idoso estava morto na agência bancária de Bangu, na zona oeste do Rio. “Vivi momentos da minha vida que não suportava mais. Muito difícil. Foi horrível, eu não percebi que meu tio estava morto”, disse. “Eu não sou essa pessoa que estão falando, não sou esse monstro”, acrescentou.

Segundo Érika, nem ela e nem a sua família precisavam do dinheiro, e quem queria o empréstimo era o próprio tio para uma obra no quintal da casa em que moravam. Ela falou ainda que Paulo era uma pessoa calada, mas que eles tinham uma boa relação. “(Tínhamos uma) relação ótima, ele era independente, eu não era cuidadora dele”, disse a sobrinha.

Uma semana antes do episódio, Paulo havia ficado internado devido a uma pneumonia. No dia em que recebeu alta, Érika foi com ele a uma agência bancária, onde tiveram um empréstimo aprovado.

O saque ocorreria no dia seguinte, quando a mulher entrou com o homem já morto no local.

Érika foi denunciada pela 2ª Promotoria de Justiça pelos crimes de tentativa de estelionato e vilipêndio de cadáver.

A promotoria afirma que, embora o empréstimo tenha sido contratado por Braga quando ele ainda estava vivo, o saque não poderia mais ser realizado, visto que, no momento da prisão em flagrante da denunciada, a vítima já tinha morrido.

Ela chegou a ficar presa, mas foi libertada para responder em liberdade por ser portadora de saúde mental debilitada e para cuidar de sua filha com necessidades especiais, segundo a decisão da juíza.

Relembre o caso

Érika de Souza Vieira Nunes levou a uma agência bancária um homem de 68 anos que estava morto, em uma cadeira de rodas, para tentar fazer um empréstimo em nome dele. “Assina para não me dar mais dor de cabeça”, pediu a mulher ao cadáver, agindo como se a pessoa estivesse viva. A cena ocorreu na terça-feira, 16, numa agência em Bangu, na zona oeste do Rio.

Funcionários do banco chamaram a polícia e a mulher, que diz ser sobrinha do morto, está sendo investigada. A polícia afirma que ela pode ter cometido furto mediante fraude ou estelionato, conforme circunstâncias que ainda serão apuradas.

Segundo a polícia, Érika de Souza Vieira Nunes chegou ao banco levando Paulo Roberto Braga, de 68 anos, em uma cadeira de rodas. Ele seria cliente da agência e havia um empréstimo pré-aprovado em seu nome. Os vigilantes permitiram a entrada dele na cadeira de rodas.

A mulher então levou o homem até uma funcionária e explicou que havia um empréstimo pré-aprovado no valor de R$ 17 mil em nome do homem – suposto tio dela.

Os funcionários chamaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que constatou que o homem estava morto havia pelo menos algumas horas, e a Polícia Civil, que levou a mulher para prestar depoimento na 34ª DP (Bangu). Érika foi presa em flagrante.

A promotoria destaca ainda que o idoso teria recebido alta na véspera dos fatos, após internação ocasionada por pneumonia, “sendo certo que estava bastante debilitado, o que facilmente se verifica, notadamente, diante do depoimento prestado pelo médico da Unidade de Pronto Atendimento”.

Aponta também que o próprio laudo de necrópsia atesta que a vítima apresentava “estado caquético” durante realização de exame.

“Assim, não se pode olvidar a possibilidade de que a conduta da acusada tenha ainda contribuído ou acelerado o evento morte, ao submetê-lo a tamanho esforço físico, no momento em que necessitava de cuidados”, diz outro trecho da denúncia.

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