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Internacional

Joe Biden desiste de disputar a reeleição nos EUA

No comunicado divulgado pelas redes sociais, Biden declarou que deve se pronunciar sobre sua decisão, com mais detalhes, ao longo da semana

Por Estadão

7 mins de leitura

em 21 de jul de 2024, às 17h00

Foto: Reprodução/Instagram
Foto: Reprodução/Instagram

O presidente dos Estados Unidos Joe Biden anunciou neste domingo (21), que irá abrir mão de sua candidatura na disputa pela presidência americana contra o republicano Donald Trump. O anúncio ocorre após semanas de tensão entre os democratas com as crescentes dúvidas sobre a saúde e a aptidão mental de Biden, aos 81 anos, para servir um segundo mandato.

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No comunicado divulgado pelas redes sociais, Biden declarou que deve se pronunciar sobre sua decisão, com mais detalhes, ao longo da semana. “Eu falarei com a nação, mais tarde, ao longo desta semana, com mais detalhes sobre a minha decisão”, escreveu na carta divulgada nas redes sociais. “Essa foi a maior honra da minha vida ser presidente (dos Estados Unidos)”, enfatizou na carta.

O então pré-candidato a reeleição destacou que era sua intenção se manter na corrida presidencial pela Casa Branca, mas que sua decisão leva em consideração o melhor para seu partido e para o país. “Nos últimos três anos e meio, nós fizemos um grande avanço na nossa nação”, começou dizendo o presidente. “Hoje, os Estados Unidos têm a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos em reconstruir a nossa nação”, enfatizou.

No seu pronunciamento, Biden agradeceu o apoio popular que recebeu, relembrando as dificuldades enfrentadas pelo país durante a pandemia de covid-19, em 2020, e também o momento de pressões econômicas que o representante democrata chamou de “grande depressão econômica”. Ainda na carta, Biden aproveitou para declarar sua gratidão a sua companheira na chefia da Casa Branca. “Eu gostaria de agradecer a vice-presidente Kamala Harris por ter sido uma parceira extraordinária em todo esse trabalho”, acrescentou.

O desempenho desastroso de Biden no debate no mês passado, as suas aparições públicas e as suas dificuldades nas pesquisas alimentaram profundas preocupações entre os apoiadores do presidente. Quase dois terços dos democratas queriam que ele desistisse da disputa, de acordo com uma pesquisa divulgada no dia 17 de julho pela Associated Press e pela NORC, uma instituição de pesquisa independente da Universidade de Chicago.

Embora a idade avançada do candidato tenha aparecido como um fator de preocupação entre os eleitores desde as primeiras pesquisas eleitorais, dúvidas sobre sua capacidade de governar explodiram após o primeiro debate contra Trump em 27 de junho, quando Biden confundiu palavras, deixou respostas incompletas e pareceu confuso em diversos momentos. Outros episódios em sequ~encia, como Biden chamando Volodmir Zelenski de Vladimir Putin e dizendo que Trump era seu vice-presidente, aprofundaram tal tensão.

Por semanas, Biden insistiu que não estava recuando e se mostrou inflexível, afirmando que era candidato que derrotou Trump antes e que faria isso novamente. Em entrevistas para a imprensa americana, o democrata chegou a afirmar que só desistiria se surgisse algum problema médico ou pesquisas indicassem que não haveria chances de ele vencer.

Mas em paralelo à aparente confiança pública do então candidato sobre, Biden teve a candidatura questionada dentro e fora do partido, sendo pressionado por doadores, ativistas e aliados para deixar a corrida. Figuras como a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi, o senador Chuck Schumer e o deputado Hakeem Jeffries, os dois principais democratas no Congresso, manifestaram preocupações em reuniões privadas com Biden sobre ele seguir na disputa e o impacto que teria para os candidatos à Câmara e ao Senado se ele permanecesse como o candidato.

Pessoas familiarizadas com as conversas disseram sob condição de anonimato que Schumer e Jeffries, ambos de Nova York, persuadiram secretamente os dirigentes do Partido Democrata a atrasar o início da nomeação de Biden em uma semana, prolongando o debate sobre a viabilidade de sua candidatura. No dia 17 de julho, o Comitê Nacional Democrata anunciou que os planos de nomeação haviam sido adiados em uma semana.

Vinte membros da Câmara e um senador apelaram publicamente ao presidente americano para se retirar da disputa. Mas, a nível privado, vários outros manifestaram profundas preocupações e disseram acreditar que ele está no caminho certo para perder a Casa Branca.

A pressão cresceu após conversas privadas do ex-presidente Barack Obama, possivelmente a figura mais reverente do Partido Democrata, com aliados do partido. Obama disse que Biden precisava considerar a viabilidade de sua campanha, enfatizando que sua preocupação era proteger Biden e seu legado.

Com sua campanha atolada em crise, Biden testou positivo para covid-19. Isso afastou o presidente, no momento em que a sua campanha esperava intensificar as suas aparições públicas em uma tentativa de mostrar que Biden está disposto a permanecer na corrida presidencial.

Ataques de Trump

No primeiro comício realizado por Donald Trump após o atentado e a oficialização da sua candidatura pelo partido Republicano, realizado na última semana, o candidato republicano teceu diversas críticas à saúde de Biden, a sua capacidade de gerir o país e também a pressão para que o candidato desistisse de concorrer a reeleição, movimento que vinha do próprio partido.

Acompanhado do seu candidato a vice-presidente, JD Vance, Trump instigou os apoiadores a escolher com quem ele deveria concorrer às eleições de 2024, contra Biden ou Kamala Harris, disparando em seguida que preferia disputar a cadeira na sala oval da Casa Branca com a atual vice-presidente. “Eu gostaria de disputar com ela”, disse. O foco em Harris vem sendo arquitetado pela equipe de Trump, que acredita que ela pode substituir Biden na disputa.

Leia o posicionamento de Joe Biden na íntegra:

Caros amigos americanos,

Nos últimos três anos e meio, fizemos um grande progresso como nação.

Hoje, os Estados Unidos têm a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos na reconstrução de nossa nação, na redução dos custos de medicamentos prescritos para idosos e na expansão de um sistema de saúde acessível, expandido em busca de facilidade.

Nomeamos a primeira mulher afro-americana para a Suprema Corte. E aprovamos a legislação climática mais significativa da história do mundo. Os Estados Unidos nunca estiveram tão bem posicionados para liderar como estão hoje.

Sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, o povo americano. Juntos, superamos uma pandemia que só ocorreu uma vez no século e a pior crise econômica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservamos nossa democracia. E revitalizamos e fortalecemos nossas alianças em todo o mundo.

Foi a maior honra da minha vida servir como seu Presidente. E, embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que seja do melhor interesse do meu partido e do país que eu me retire e me concentre apenas no cumprimento de minhas obrigações como presidente pelo restante do meu mandato.

Falarei com a Nação no final desta semana com mais detalhes sobre minha decisão.

Por enquanto, gostaria de expressar minha profunda gratidão a todos aqueles que trabalharam arduamente para que eu fosse reeleito. Quero agradecer à vice-presidente Kamala Harris por ser uma parceira extraordinária em todo esse trabalho. E permitam-me expressar minha sincera gratidão ao povo americano pela fé e confiança que depositaram em mim.

Acredito hoje no que sempre acreditei: que não há nada que os Estados Unidos não possam fazer – quando fazemos isso juntos. Só precisamos nos lembrar de que somos os Estados Unidos da América.

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