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Política

Prefeito de Dores se envolve em confusão na Santa Casa de Guaçuí

Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Ninho relata que esteve no Pronto Socorro após ser acionado por familiares da paciente

Por Diorgenes Ribeiro

8 mins de leitura

em 17 de jul de 2024, às 13h28

Crédito Foto: Redes Sociais
Crédito Foto: Redes Sociais

O prefeito do município de Dores do Rio Preto, Cleudenir José de Carvalho Neto, o “Ninho” (Cidadania), se envolveu em mais uma polêmica no Caparaó. Segundo o próprio relato do prefeito, a confusão teria ocorrido no Pronto Socorro da Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí, município vizinho de Dores.

Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Ninho relata que esteve no Pronto Socorro após ser acionado por familiares e a secretária de Saúde de Dores, onde relataram que uma paciente do município não estava tendo o atendimento necessário.

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“Ontem eu estava em viagem para Vitória, e durante essa viagem fui recebendo ligações de familiares e da secretária de Saúde do município e de outras pessoas, que nós estávamos com um paciente do município de Dores do Rio Preto no Pronto Socorro de Guaçuí, desde sábado (13), na sala vermelha, e essa paciente só tendo o caso agravado. Eu liguei para a coordenadora que não me atendeu, eu liguei para o ex-coordenador, Dennis, também não me atendeu, mas depois me retornou. Liguei para o ex-provedor Gilson, que ele falou que poderia estar me auxiliando quando eu tivesse algum problema lá, também não me atendeu. Então eu resolvi seguir da viagem direito para o Pronto Socorro de Guaçuí”, disse o prefeito.

Insatisfação com a prestação do serviço

Ninho ainda relata sua insatisfação com a prestação de serviço quando chegou no local e identificou pacientes aguardando atendimento em uma sala, que segundo ele não era apropriada. 

“Chegando, eu constatei que realmente a situação da nossa paciente era gravíssima. Ela não estava nem na sala vermelha, ela estava em um dos leitos da enfermaria, com oxigênio e um aparelho de monitoramento. Eu comecei a me exaltar e a falar alto no Pronto Socorro. Falei alto mesmo, e tinha uma senhora de 70 anos de idade com o braço quebrado e outros hematomas, sentado na cadeira do papai e com os pés sobre uma cadeira plástica. Outro rapaz com o braço quebrado, com bastante tempo também, ali na situação de cadeira do papai. Todas as pessoas que chegam ali ficando na cadeira do papai para tomar soro, alguma coisa. Na sala onde estava as camas, estava três a quatro camas desocupadas, e as pessoas nesta situação”, ressaltou Ninho.

Fiscal do povo

O prefeito também relatou que teve que se exaltar em alguns momentos com médicos e enfermeiros para que a paciente pudesse ser atendida.

“Então, falei muito mesmo, o médico veio me repreender porque eu estava falando alto no corredor. Falei com ele que iria falar alto, sim, porque sou fiscal do povo. O município de Dores do Rio Preto que eu represento paga para aquele atendimento, não temos atendimento de graça, e depois eles ainda pegam aqueles Baus e enviam para o SUS dizendo que os pacientes de Dores não pagam. Nós pagamos as consultas, pagamos os atendimentos. Nos tintalhamos uma ambulância lá para fazer o transporte dos pacientes de Dores do Rio Preto para o hospital e para outros hospitais se caso fosse preciso de remoção. Depois que eu reclamei a enfermeira disse que estava tirando a paciente do braço quebrado que mencionei, não porque eu estava pedindo, mas porque ela queria. Eu disse que não, que ela estava tirando porque eu estava brigando e vocês estão vendo a desumanidade que estão”.

O gestor de Dores também fez críticas por parte da higienização do Pronto Socorro da unidade. Segundo o relato do prefeito, o local é um foco de transmissão de doenças.

“A parte de limpeza do Pronto Socorro está triste, ali é um foco de transmissão de doenças. Então, dentro de pouco tempo, para minha surpresa, chegam quatro policiais, uma policial feminina que leva o dedo ríspido no rosto das pessoas, com gritou comigo. Por ela ser mulher eu não posso falar. Eu nem posso falar porque se não vão me prender porque estou gritando com mulher. Mas ela pode gritar comigo. Os policias em vez de estar lá prendendo bandidos, estava lá no Pronto Socorro vendo uma pessoa que é paga com o dinheiro público para estar reclamando daquele atendimento. O médico representou contra mim, mais um processo. A enfermeira representou contra mim, mais um processo. Eu não estou preocupado, a nossa paciente subiu para a clínica, chegando lá o médico da clínica disse que ela não podia ficar ali. Ela está em estado gravíssimo. Aí, arrumaram uma vaga e colocaram ela na UTI”, ressaltou.

Morte aguardando uma vaga

Ninho também relatou no vídeo que recentemente um paciente de Dores havia morrido no Pronto Socorro aguardando uma vaga na UTI, e questionou se não foi a espera que o levou a óbito. 

“Há poucos dias, tivemos um paciente, Sr. Sebastião, que ficou mais de cinco dias na sala vermelha para conseguir uma vaga na UTI, ele veio a óbito. Será que ele não veio a óbito porque ele ficou cinco dias neste estágio precário no Pronto Socorro? E outra coisa, nossos pacientes chegam lá no hospital de Guaçuí, a Santa Casa, ela é porta aberta para cirurgia ortopédica, chegam lá os médicos devolvem. Ou vai operar outro dia ou vai para Cachoeiro ou vai para outro lugar. Então, por que é porta aberta? Por que o Ministério Público não investiga? Porque eles recebem do município de Guaçuí, recebem do município Dores do Rio Preto, recebem do município de Divino de São Lourenço? E depois recebem do SUS novamente. O porquê eles não são humanos? Será porque não é a mãe dele que está lá? A mãe deles passam direto? Os irmãos deles passam direto? É meu desabafo”, frisou o prefeito.

Além das críticas ao atendimento na Santa Casa, Ninho também fez menção aos gestores estaduais e disse que a saúde pública no Estado está gritando.

“Esse desabafo, tomara que chegue, vocês publiquem e republiquem e chegue ao nosso Governador, ao secretário de Saúde que também não atende telefone de prefeito, a nossa superintende, porque o superintende já caiu por incapacidade, porque coloca pessoas políticas em cargos técnicos. Então esse é o meu desabafo. Espero que vocês vejam o vídeo até o fim e publique e republique, quem sabe vamos conseguir gritando, gritando auto, resolver a saúde pública do nosso Estado do Espírito Santo”, finalizou o prefeito.

PM acionada

A Polícia Militar de Guaçuí informou que foram acionados para atender uma ocorrência de desacato a funcionário público no exercício da função, onde o atual prefeito de Dores do Rio Preto, estaria quebrando objetos e proferindo palavras de baixo calão aos médicos e enfermeiros do local.

Segundo o relato, o médico desacatado, informou a PM que estava atendendo uma mãe com uma criança e não conseguia ouvir o que a mãe relatava devido ao comportamento agressivo do cidadão conhecido como “Ninho”. Ele pediu para que o indivíduo falasse mais baixo, pois estava atrapalhando o atendimento.

O relato ainda frisa que uma enfermeira estava chorando no local devido às palavras injuriosas, difamatórias, caluniosas, ameaças, gestos obscenos e afrontosos proferidos por Ninho, que afirmava que ela era desabilitada para sua função e dizia ao médico que ele era “filhinho de papai”.

Perguntado sobre o motivo da agressividade do prefeito, os Policiais Militares foram informados que ele havia trazido uma mulher para ser atendida no Pronto Socorro e, por achar que a internação estava demorando, ficou nervoso e entrou no interior do Pronto Socorro, local restrito a pacientes e funcionários, sem autorização, segundo os denunciantes.

Sem vaga para internação

O boletim de ocorrência relata que os funcionários do Pronto Socorro, não havia vaga para internação da mulher levada por Ninho, sendo necessário aguardar a alta de outro paciente.

Ao fazer contato com o prefeito, Claudenir José de Carvalho Neto, prefeito da cidade de Dores do Rio Preto, o mesmo relatou estar insatisfeito com o atendimento do Pronto Socorro, afirmando que empresta ambulâncias do município de Dores do Rio Preto para o município de Guaçuí e que não sairia dali enquanto a mulher que ele levou não fosse internada.

Ninho também afirmou aos Policiais que os funcionários do Pronto Socorro eram um desperdício de verba da prefeitura e que retiraria a ambulância emprestada, dizendo que eles eram incompetentes e uma vergonha para o município.

Diante dos fatos, os envolvidos representaram contra o prefeito de Dores do Rio Preto, na Delegacia da Polícia Civil de Guaçuí.

O que fala a Santa Casa?

A Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí, informou em nota que a provedoria da entidade está apurando os fatos para posterior manifestação.

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