ads-geral-topo
Nacional

Casal consegue na Justiça direito de registrar filho com nome de faraó egípcio

Danillo Prímola contou que foi ao cartório do 2º Subdistrito no centro de Belo Horizonte, onde teve o pedido de registro barrado

Por Estadão

3 mins de leitura

em 16 de set de 2024, às 18h02

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O casal de coreógrafos Danillo Prímola e Catarina Prímola, de Belo Horizonte, teve de entrar na Justiça para conseguir registrar o primeiro filho com o nome que escolheu, Piiê. O bebê nasceu em 31 de agosto, às 13h06, na maternidade da Unimed Grajaú, região oeste da capital mineira, mas só pode ser registrado na última quinta-feira, dia 12.

Danillo Prímola contou que foi ao cartório do 2º Subdistrito no centro de Belo Horizonte, onde teve o pedido de registro barrado. “O nome faz alusão a um faraó egípcio, mas disseram que eu não podia registrá-lo com esse nome, pois a grafia e pronúncia são parecidas com a de um passo do ballet, o pliê. Eles, então, pediram para eu fazer uma justificativa sobre a escrita, se seria com dois ii ou y. Entreguei no mesmo momento, mas, ainda assim, não consegui concluir o registro.”

Leia também: Chuva e frio? Tudo o que você precisa saber sobre a primavera de 2024

Piiê ou Piye foi o segundo faraó da XXV dinastia egípcia, de origem cuxita. Foi também o terceiro rei da dinastia napatana do Reino de Cuxe, sucedendo seu pai Cáchita. Cuxe é uma região da Núbia que hoje corresponde ao norte do Sudão, aproximadamente entre os anos 753 e 723 a.C.

Danillo conta que tentou o registro em outro cartório da cidade, mas também sem sucesso. “O primeiro cartório que fui enviou a solicitação para a juíza, que respondeu confirmando a não possibilidade do registro, justificando a confusão que o nome poderia gerar ao passo do ballet”.

Nome de faraó egípcio

Ao voltar ao cartório do 2º Subdistrito, ele conta que foi barrado e que a única opção era recorrer judicialmente. “Nunca imaginei que teríamos problema em registrá-lo, porque é um nome próprio que já existe, não foi inventado por nós. Eles disseram que teríamos de pedir autorização na Justiça e escrever uma justificativa. O nome Piiê é o mesmo de um faraó egípcio, homenageado pela Escola de Samba Acadêmicos de Venda Nova, que escolheu o tema África”. O coreógrafo explica que teve contato com a história de Piiê no ano passado, quando desfilou pela escola.

Os pais fizeram o pedido ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que foi negado sob a justificativa de “expor a criança ao ridículo”. Na última quarta-feira, dia 11, a juíza Maria Luíza de Andrade Rangel Pires reconsiderou a decisão anterior e permitiu o registro da criança que ocorreu no dia seguinte. “Com muita luta e ajuda da Defensoria Pública conseguimos. Somos professores de dança e sabemos que nosso filho pode até sofrer outros tipos de bullying, mas esse ele vai tirar de letra pois sempre terá vivência sobre a dança e diferentes culturas dentro de casa”, salienta.

Procurada pelo Estadão, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais confirmou que, “diante das novas informações apresentadas, a juíza Maria Luíza reconsiderou sua decisão, ponderando que não está afastada a convicção de que o menino estará sujeito, pela dificuldade da grafia e pela pronúncia, a constrangimentos. Porém, considerando os novos argumentos trazidos, através do qual agora os pais explicitam a questão cultural que os guiou para a escolha do nome, os quais não foram apontados no pedido inicial, em respeito à cultura deles, autorizou o registro na forma pretendida, com a grafia original, inclusive por entender que nomes estrangeiros devem mesmo observar a grafia do país de origem.”

Estadao Conteudo

Receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp e fique por dentro de tudo! Basta clicar aqui.

ads-geral-rodape