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Política

Kids pretos: Braga Netto fez reunião e seria chefe de ‘gabinete’, diz PF

As revelações fazem parte da investigação da Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça-feira (19), que resultou na prisão de militares envolvidos no plano golpista.

Por Estadão

4 mins de leitura

em 19 de nov de 2024, às 13h51

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) atribui ao general Braga Netto, ex-ministro da Defesa durante o governo de Jair Bolsonaro, um papel estratégico no planejamento de um golpe de Estado e nas tentativas de assassinato de figuras políticas chave, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. As revelações fazem parte da investigação da Operação Contragolpe, deflagrada, nesta terça-feira (19), que resultou na prisão de militares envolvidos no plano golpista.

O Planejamento e o Papel de Braga Netto

Segundo a PF, a reunião que definiu as ações para o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes foi realizada na casa de Braga Netto. O ato ocorreu em novembro de 2022. Durante esse encontro, portanto, o grupo clandestino, composto por militares de alta performance, discutiu a “Operação Copa 2022”.

O teor da conversa envolvia o monitoramento de Moraes e o planejamento da eliminação do ministro. Braga Netto, de acordo com as investigações, estava intimamente ligado ao planejamento de um ‘Gabinete Institucional de Gestão da Crise’, que seria ativado caso houvesse uma ruptura institucional.

A Operação ‘Copa 2022’ e o Monitoramento de Moraes

A Operação ‘Copa 2022’ foi uma missão clandestina organizada por militares especializados em Forças Especiais. O objetivo inicial era realizar o monitoramento de Moraes, que estava envolvido em julgamentos importantes, como a derrubada do orçamento secreto. Durante a operação, militares usaram codinomes baseados em países participantes da Copa do Mundo de 2022. Entre eles, Gana, Japão e Alemanha, para despistar investigações e dificultar a identificação.

De acordo com a PF, o plano envolvia o uso de viaturas oficiais e recursos militares para ocultar as verdadeiras intenções do grupo. A operação, que também visava o envenenamento de Lula, foi realizada no contexto de tensões políticas. O objetivo de desestabilizar o governo eleito de Lula e pressionar o Supremo Tribunal Federal.

Os ‘Kids Pretos’ e o Golpe de Estado

O grupo envolvido nas operações clandestinas ficou conhecido como ‘kids pretos’ — militares de alta especialização e ação rápida, formados para realizar operações de grande impacto. Além dos planejamentos de assassinato, os conspiradores discutiram a prisão e até a execução de Alexandre de Moraes. O conteúdo das mensagens trocadas entre os envolvidos revelou um plano coordenado para desestabilizar as instituições do país.

Um dos detalhes mais alarmantes encontrados pela PF foi a troca de mensagens entre Mauro Cid e Marcelo Câmara. Os textos discutiam detalhes de uma possível prisão de Moraes e a continuidade das operações. O monitoramento de Moraes avançou até o Natal de 2022, indicando um planejamento minucioso que visava atingir a alta cúpula do governo federal e o STF.

Prisões e Revelações na Operação Contragolpe

Assim, a Operação Contragolpe resultou na prisão de vários envolvidos, incluindo general Mário Fernandes, tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, major Rafael Martins de Oliveira, e major Rodrigo Bezerra de Azevedo. Todos estão sendo investigados por suas conexões com o plano de assassinato e golpe de Estado, com forte apoio de militares ligados a Braga Netto.

A PF também descobriu documentos que indicam que o grupo planejava utilizar até R$ 100 mil para financiar as operações, com recursos que cobriam custos como alimentação, hotel e outros materiais necessários para as missões clandestinas. Entretanto, os investigados tentaram dificultar o rastreamento de suas atividades, utilizando linhas de telefonia móvel em nome de terceiros e criando um grupo no aplicativo de mensagens, onde mantinham suas comunicações secretas.

Braga Netto no Centro da Conspiração

Dessa forma, a investigação continua, com a PF rastreando os últimos detalhes da operação e desvendando como figuras chave, como Braga Netto, tentaram implementar suas ações para deslegitimar a eleição e a transição de poder em 2022.

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