Ter um adversário na eleição presidencial não foi problema para Leila Pereira. A empresária de 60 anos confirmou seu favoritismo no pleito realizado neste domingo (24), ao derrotar seu opositor, o advogado Savério Orlandi, e ser reeleita presidente do Palmeiras, cargo que ocupará por mais três anos, até dezembro de 2027.
Leila recebeu 2295 votos entre os 3183 votantes no ginásio poliesportivo do clube social para seguir na cadeira mais proeminente do clube que já comanda desde 2022. Na Assembleia Geral de associados, foram habilitados a votar todos os titulares adimplentes com mais de três anos de matrícula.
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Inscrita na chapa “Palmeiras Campeão”, Leila terá como primeira vice-presidente Maria Tereza Bellangero. Paulo Buosi, Everaldo Coelho e Márcio Martin são os outros vices. Os dois últimos são novidades na chapa e ocupam os lugares que eram de Neive Andrade e Tarso Gouveia. “Não tenho dúvida de que essa votação expressiva é decorrente do trabalho que fizemos. É um reconhecimento do associado”, afirmou a presidente reeleita.
Após a derrota, Orlandi, que é conselheiro vitalício do clube, disse que seguirá fiscalizando a gestão de Leila. “Vou continuar fiscalizando como membro do Conselho Deliberativo e participando de modo construtivo”. Segundo o advogado, é urgente que a presidente reeleita melhores os mecanismos de governança e transparência de sua administração.
A votação no ginásio do clube, na zona oeste de São Paulo, transcorreu sem grandes problemas. Havia pequena fila dentro do ginásio, decorrentes de intercorrências com o sistema de votação. O voto era registrado em um tablet, não uma urna, o que foi motivo de questionamento por parte da oposição. Após escolher seu candidato, o associado ouvia a introdução do hino do Palmeiras.
Os dois candidatos fizeram campanha em frente à sede do clube desde a manhã deste domingo, dividindo a calçada da sede social. Savério amealhou apoio da Mancha Alviverde. A organizada, cujos líderes estão foragidos e é rompida desde 2022 com a presidente Leila. Apoiadores do conselheiro levaram instrumentos à porta do Palmeiras, cantaram músicas de apoio e soltaram fogos durante a manhã.
Leila se reelegeu com ‘presentes’ a associados
Primeira mulher a comandar o Palmeiras na história, Leila havia intensificado sua campanha nas últimas semanas ao estar presente mais vezes no clube social. Se para ascender ao trono há três anos e derrubar velhas lideranças ela precisou fazer alianças e distribuir mimos a associados, desta vez, funcionaram as melhorias que realizou no clube, como as reformas da quadra de tênis e do centro aquático, além dos muitos eventos que organizou, que ela chamou de “presentes” quando elencou o que considerou serem seus trunfos nas apresentações de suas propostas em jantares com associados.
O aniversário de 60 anos da dirigente, por exemplo, foi celebrado no último dia 11 com show da banda Jota Quest. E os 110 anos do Palmeiras foram comemorados no fim de agosto ao som de Ivete Sangalo no ginásio lotado. Várias dessas festas e encontros tiveram chope de graças aos associados.
Também foram muitos os jantares e encontros com conselheiros, cuja maioria apoia a mulher de José Roberto Lamacchia, o responsável por potencializar a vocação da carioca natural de Cambuci no mundo empresarial.
A empresária gastou R$ 50 mil para montar um estande na sede social do clube, R$ 100 mil para alugar o ginásio para o show da banda Jota Quest e R$ 20 mil para usar duas vezes o restaurante no quinto andar do clube.
Leila organizou dois jantares – um no dia 6 e outro no dia 21 de novembro – para associados convidados a ouvirem suas propostas. Só no segundo encontro, o mais lotado, estiveram 1.523 pessoas. Havia filas para entrar. Era tanta gente que muitos saíram sem comer os pedaços de pizzas oferecidos de graça pela presidente, além de cerveja, refrigerantes e sucos à vontade.
Os desafios de Leila no comando do Palmeiras
Presidir o Palmeiras por seis anos, isto é, durante dois mandatos, era um plano da dona da Crefisa desde quando havia sido eleita, no fim de 2021, como ela mesmo tinha revelado ao Estadão.
Um de seus principais desejos, embora diga pensar a curto prazo, é convencer Abel Ferreira a aceitar mais uma renovação de contrato e estendê-lo até o fim de 2027, quando termina o segundo mandato da presidente.
É esperado que a cartola anuncie em janeiro a Sportingbet como nova patrocinadora master do time masculino, em substituição à Crefisa e à FAM, empresas de Leila que patrocinaram a equipe por uma década. O acordo está encaminhado, mas a tendência é de que o anúncio seja feito somente em janeiro do ano que vem, assim que se encerrar o contrato em vigência, e renderá R$ 100 milhões fixos anualmente e mais R$ 50 milhões em caso de cumprimento de metas.
Ela procura no mercado outras marcas para investir no Palmeiras, uma vez que não haverá mais acordo de exclusividade em relação aos patrocinadores. A ideia é alcançar R$ 150 milhões fixos com todos os patrocínios nos espaços disponíveis na camisa alviverde: central, omoplatas, mangas, barra inferior, barra superior e inferior nas costas, calção/shorts e meião.
“Minhas empresas ficaram 10 anos no clube. Costumo dizer que essa parceria foi extremamente vitoriosa. Agora vêm as bets, com valores muito relevantes aos clubes. Todo mundo sabe que um futebol vencedor você só faz com investimento. Primeiro dinheiro, depois boa vontade, decência e responsabilidade”, disse ela em entrevista ao Estadão há um mês.
Assim, desvencilhar-se dos conflitos de interesse na relação do clube com sua presidente-patrocinadora não seguirá sendo um desafio. Mas persistem as reclamações de opositores e torcedores que veem um cenário conflituoso, uma vez que Leila ainda é credora da agremiação, dona do avião usado pela delegação para as viagens fora de São Paulo e também administra a Arena Barueri, estádio usado quando o Allianz Parque está indisponível.
Caberá a Leila também reforçar o elenco para a disputa do Super Mundial de Clubes, a prioridade do time em 2025. Ela afirmou reiteradas vezes que não vai investir em “medalhões” ou estrelas. Neymar, por exemplo, já foi descartado de antemão porque o Palmeiras, justificou a dirigente, “não é departamento médico”.
Serão, ela indicou, três ou quatro reforços para preencher lacunas que Abel Ferreira enxerga no plantel. O clube já procura um substituto para Estêvão, que se transfere ao Chelsea depois do Mundial, em julho do ano que vem.
Estadao Conteudo
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