Indústria do aço brasileira se diz surpresa com tarifaço de Trump
Medida derruba um acordo firmado em 2018 que estabelecia cotas de exportação de aço brasileiro para o mercado americano
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O Instituto Aço Brasil manifestou surpresa e preocupação com a recente decisão do governo dos Estados Unidos de estabelecer uma alíquota de importação de aço de 25%, independentemente da origem. O grupo emitiu uma nota na última terça-feira (11), informando que a medida derruba um acordo firmado em 2018, durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump, que estabelecia cotas de exportação de aço brasileiro para o mercado americano.
Na época, Brasil e Estados Unidos negociaram um sistema de cotas, permitindo a exportação de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados/placas e 687 mil toneladas de laminados. A medida representou uma flexibilização de uma decisão anterior que havia estabelecido uma alíquota de importação de aço de 25%.
“Importante ressaltar que a negociação ocorrida em 2018 atendeu não só o interesse do Brasil em preservar acesso ao seu principal mercado externo de aço, mas também o interesse da indústria de aço norte-americana, demandante de placas brasileiras”, informou o Instituto Aço Brasil, em nota.
Eles salientam que os Estados Unidos, por exemplo, importaram 5,6 milhões de toneladas de placas em 2024, das quais 3,4 milhões saíram do Brasil, devido à alta demanda interna.
O Instituto Aço Brasil afirma que as exportações brasileiras de produtos de aço para os Estados Unidos cumpriram integralmente as condições estabelecidas no regime de “hard quota”, sem ultrapassar os volumes estabelecidos para semiacabados e laminados.
Cenário Brasileiro
A entidade também alerta para o aumento expressivo de importações de aço no mercado brasileiro, principalmente da China, que pratica concorrência desleal. Diante dessa situação, o instituto solicitou ao governo brasileiro a implementação de medidas de defesa comercial, o que levou à criação do regime de cota-tarifa para alguns produtos de aço.
Estados Unidos e Brasil mantêm uma parceria comercial de longa data, historicamente favorável aos americanos. Nos últimos cinco anos, os Estados Unidos tiveram um superávit comercial médio de US$ 6 bilhões com o Brasil. Considerando os principais itens da cadeia do aço, a corrente de comércio entre os países é de US$ 7,6 bilhões, com os Estados Unidos superavitários em US$ 3 bilhões.
No fim das contas, segunda a nota da instituição, a expectativa é de que o diálogo permaneça a fim de restabelecer o fluxo de produtos de aço para os Estados Unidos nas bases acordadas em 2018. A entidade acredita que a taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não será benéfica para nenhuma das partes, dada a parceria de longa data entre os países.
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