Plano Collor: 35 anos do polêmico plano econômico que marcou o Brasil
O Plano Collor foi um plano econômico adotado em 16 de março de 1990. Ficou marcado por implantar uma das medidas mais polêmicas da história recente de nosso país.

O Plano Collor, anunciado em 16 de março de 1990, foi a primeira tentativa do governo de Fernando Collor de Mello de conter a hiperinflação que assolava o Brasil desde a década de 1980. Apresentado pela ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, o pacote econômico ficou marcado por medidas drásticas, como o confisco das poupanças, e terminou com um retumbante fracasso.

Origem do Plano
Entre as décadas de 1980 e 1990, o Brasil enfrentou uma grave crise econômica, com hiperinflação e aumento exponencial da dívida externa. Os problemas econômicos foram herdados do regime militar, e os planos lançados pelo governo de José Sarney — Plano Cruzado (1986), Plano Bresser (1987) e Plano Verão (1989) — não conseguiram solucionar a crise.
Em meio a esse cenário, a eleição presidencial de 1989 teve a economia como tema central. Fernando Collor de Mello venceu o pleito com um discurso de modernização e austeridade, prometendo reduzir os gastos do Estado e combater a corrupção.

O que foi o Plano Collor?
O Plano Collor, oficialmente chamado de Plano Brasil Novo, foi implementado no segundo dia do governo Collor, em 16 de março de 1990. O programa tinha como principais metas reduzir a inflação e reestruturar a economia brasileira. Ele foi dividido em três fases:
- Plano Collor I (março de 1990 – janeiro de 1991)
- Plano Collor II (janeiro de 1991 – maio de 1991)
- Plano Marcílio (maio de 1991 – fevereiro de 1994)

Principais medidas do Plano Collor I
O primeiro pacote econômico do governo Collor foi marcado por medidas radicais, anunciadas sem discussão com o Congresso Nacional. Entre elas, destacam-se:
- Mudança da moeda de cruzado-novo para cruzeiro, sem corte de zeros;
- Criação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF);
- Congelamento de preços e salários por 45 dias;
- Aumento das tarifas públicas, como água, energia e gás;
- Extinção de estatais e demissão de servidores públicos.
O aspecto mais polêmico, no entanto, foi o confisco dos valores depositados em poupanças, contas-correntes e overnight.

Confisco das poupanças: um trauma nacional
O confisco determinado pelo Plano Collor atingiu contas com mais de 50 mil cruzados-novos, o equivalente hoje a cerca de R$ 6.500 a R$ 8.000. Os valores seriam devolvidos em 18 meses, corrigidos pela inflação e acrescidos de 6% ao ano, mas muitos brasileiros nunca recuperaram integralmente seu dinheiro.
A medida gerou pânico. Filas se formaram em agências bancárias, e a desconfiança com o sistema financeiro se instalou. Estima-se que 80% dos valores aplicados em poupança e outros investimentos foram retidos, totalizando cerca de US$ 100 milhões.

Plano Collor II e Plano Marcílio
Com o fracasso inicial do plano, o governo lançou em janeiro de 1991 o Plano Collor II, que trouxe novo congelamento de preços e tarifas, extinção das aplicações no overnight e criação da taxa de juros de referência. As medidas também não surtiram efeito.
Diante do insucesso, a ministra Zélia Cardoso foi demitida e substituída por Marcílio Marques Moreira, que implementou o Plano Marcílio. A nova estratégia adotou uma política fiscal rigorosa e altas taxas de juros para conter o consumo, mas a inflação permaneceu como um problema até a implementação do Plano Real, em 1994.
Consequências do Plano Collor
Apesar do apoio inicial de setores empresariais e políticos, o Plano Collor deixou um legado negativo para a população brasileira. Entre as principais consequências, destacam-se:
- Fracasso no combate à inflação;
- Confisco dos recursos financeiros dos brasileiros;
- Aumento de tarifas e impostos;
- Congelamento de salários e perda do poder de compra;
- Danos psicológicos causados pelo trauma econômico.
Mais de três décadas após o confisco, ainda há brasileiros lutando na Justiça para recuperar seus valores. O Plano Collor se consolidou como um dos momentos mais controversos da história econômica do Brasil, simbolizando os desafios enfrentados na busca pela estabilidade monetária.

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