MNODS-ES e a urgência da consciência ambiental

“Se eu pudesse mudar algo neste mundo, seria a consciência. Ter consciência muda o comportamento e a vida das pessoas. Gera o entendimento de que nosso consumismo, no fim, vira descarte e esse lixo vai poluir a natureza, e de que se eu tenho mais do que preciso é porque está faltando algo para o próximo. Só temos este planeta e é ele que vai abrigar as próximas gerações. Temos de pensar no coletivo. E isso só acontece quando temos consciência do nosso papel neste mundo”.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiA reflexão de Denice Silva Gonçalves, coordenadora do Movimento Nacional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (MNODS) – Espírito Santo, mostra como a informação e o entendimento sobre a sustentabilidade socioambiental é urgente.
Vozes como a dela vão ecoar durante a Conferência Sustentabilidade Brasil, que acontece entre os dias 11 e 14 de junho na Praça do Papa, na Capital do Espírito Santo. O MNODS-ES dá apoio e participa da curadoria do evento, compartilha os bastidores e os objetivos dessa iniciativa que busca transformar a realidade local. Confira a entrevista com Denice Silva Gonçalves:
O que é o Movimento Nacional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (MNODS) – Espírito Santo?
Somos um movimento social formado por voluntários, de caráter suprapartidário, ecumênico e plural. Nos articulamos em núcleos estaduais e municipais e estamos em todas as regiões do país, por meio de comitês. Aqui no Espírito Santo, contamos com cerca de 1,5 mil voluntários, entre indivíduos, representantes do Poder Público, empresas e a sociedade civil, trabalhando em câmaras temáticas. Temos um conselho nacional com 27 núcleos e inúmeros comitês e câmaras temáticas por ODS. Estamos vinculados à Comissão Nacional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (CNODS) na Secretaria da Presidência da República. O Brasil é signatário desses trabalhos desde o ano 2000.
Como o movimento começou e qual a sua trajetória?
Ele começou em 2004, há 20 anos, por iniciativa do PNUD no Brasil. O PNUD trabalha em cerca de 170 países e territórios, contribuindo para erradicar a pobreza, reduzir as desigualdades e a exclusão e construir resiliência para que os países possam desenvolver-se com sustentabilidade. Eu entrei no movimento em 2005, mas antes já era voluntária na Faculdade Batista de Vitória (Fabavi), onde fizemos projetos que ganharam prêmios municipais, estaduais e nacionais. Em 2015, fui empossada como coordenadora estadual do movimento.
Quais são os principais objetivos do movimento no Espírito Santo?
Nosso principal objetivo é trabalhar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Capacitamos indivíduos para que entendam o que é o movimento e como ele pode potencializar o município, seja na agricultura, na indústria, ou em outras áreas. Trabalhamos para que os ODS, com seus 18 objetivos, mais de 200 metas e mais de 250 indicadores, sejam compreendidos e aplicados.
Como o movimento se estrutura no Espírito Santo?
Temos uma mesa diretora composta por sete membros, incluindo Marcio Andrade Lima ( que representa a advocacia), Cristina Zanol Puppin (Movive), Eliane Rodrigues Ribeiro (contadores), Maria Cláudia Couto (Ifes), Isabel Berlinke (projeto Mulheres Superando o Medo), e Amílcar Monteiro Borges (Indetep). Cada um representa uma instituição ou um saber. Além disso, temos coordenações de mobilização e articulação, comunicação, projetos e captação de recursos, e comitês. Nos municípios, trabalhamos com o poder público, instituições e sociedade civil para formar comitês e coordenar as ações.
O Movimento ODS-ES atua em parceria com o Instituto Sustentabilidade Brasil. Qual a importância dessa colaboração para a Conferência Sustentabilidade Brasil?
Essa parceria é importantíssima. Por meio do movimento, conseguimos que o Espírito Santo lidere os diálogos pré-COP30. Os documentos gerados na conferência serão enviados à Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (CNODS) e, posteriormente, à COP30, como parte da contribuição social do Brasil. A CNDOS é um órgão colegiado que integra a estrutura da Secretaria-Geral da Presidência da República, e acompanha e difunde as ações para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (MNODS) da Agenda 2030 da ONU. A conferência é, portanto, um evento que projeta o Estado, colocando-o dentro da COP30 e mostrando que estamos na vanguarda da sustentabilidade.
Quais são os desafios mais urgentes no Espírito Santo e como o movimento contribui para enfrentá-los?
Temos desafios ambientais como secas e enchentes, com ciclos de chuva intensos em um momento e ondas de calor no outro. O Espírito Santo tem feito um trabalho importante de recomposição de matas e florestas para conter esses impactos. No movimento, temos câmaras temáticas responsáveis por iniciativas que vão desde o plantio de árvores até a educação ambiental. Recebemos capacitação de outros órgãos e também compartilhamos nosso conhecimento sobre o território, contribuindo para que o Espírito Santo auxilie na redução dos impactos das mudanças climáticas e foque no cuidado com as pessoas. Além disso, apesar de o Espírito Santo ser financeiramente equilibrado, ainda enfrentamos desafios sociais como a busca pela redução da mortalidade e violência contra mulheres, o cuidado com a primeira infância e a melhoria do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). É um enfrentamento diário que exige jogo de cintura para lidar com diferentes interesses. No entanto, temos muitos avanços. Hoje, o Espírito Santo tem emprego em abundância, fruto de boas gestões públicas e muito empenho da sociedade como um todo.