Nacional

Advogado influenciador é condenado por agredir ex-companheira

O caso segue sob acompanhamento do Ministério Público e de entidades de defesa dos direitos humanos.

Por Diorgenes Ribeiro

3 mins de leitura

em 04 de jun de 2025, às 10h57

Foto: Reprodução | Redes Sociais.
Foto: Reprodução | Redes Sociais.

O advogado criminalista e influenciador digital João Neto, conhecido nas redes sociais por comentar casos jurídicos com bom humor e linguagem acessível, foi condenado a 4 anos e 2 meses de prisão por lesão corporal qualificada contra sua ex-companheira, Adriana Bernardo Santos. A decisão, proferida nesta terça-feira (3) pelo juiz Robério Monteiro, do 2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Maceió, repercutiu amplamente, reacendendo discussões sobre a responsabilização de figuras públicas em casos de violência de gênero.

Além da pena privativa de liberdade — que será cumprida em regime aberto com uso de tornozeleira eletrônica — João Neto também foi condenado ao pagamento de R$ 40 mil em indenização por danos morais. A sentença ainda cabe recurso.

O caso ganhou notoriedade nacional por envolver um influenciador com mais de 2,1 milhões de seguidores no Instagram, que até então se apresentava como defensor da justiça e da legalidade. A condenação joga luz sobre a responsabilidade ética de figuras públicas que, mesmo atuando no campo jurídico, incorrem em práticas de violência, contrariando os princípios que dizem defender.

A agressão ocorreu na madrugada de 14 de março, em um condomínio da capital alagoana. Segundo a denúncia, João Neto retirou Adriana à força do apartamento, empurrou-a e provocou um corte profundo no rosto da vítima, que precisou de atendimento hospitalar e três pontos. A ação foi registrada por câmeras de segurança do prédio e utilizada como prova no processo.

Preso em flagrante em abril, João Neto passou 29 dias no presídio Baldomero Cavalcante. Foi solto após decisão judicial que determinou o cumprimento de medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira. O Ministério Público também solicitou que o réu pague pensão à vítima por um ano, mas esse pedido ainda aguarda análise do Judiciário.

Reações e silêncio da defesa

A defesa do advogado foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos da imprensa até a publicação desta reportagem. Enquanto isso, movimentos de defesa dos direitos das mulheres e parlamentares ligados à pauta da violência de gênero têm se manifestado, cobrando exemplaridade no cumprimento da pena e atenção ao caráter simbólico do caso, que envolve uma figura pública com alcance nacional.

Relembre o caso

João Neto, de 47 anos, foi preso no dia 14 de abril por agentes da Operação Policial Litorânea Integrada (Oplit), após a vítima procurar um hospital e denunciar as agressões. Imagens do circuito interno do prédio mostraram a jovem sangrando, com o advogado tentando estancar o ferimento. Segundo relatos, ele ainda teria ordenado que uma funcionária limpasse os vestígios de sangue antes de sair com a vítima.

O boletim de ocorrência registrou o relato da vítima, que confirmou ter sido empurrada com força e caído ao chão, lesionando gravemente o rosto. Após prestar depoimento, ela formalizou a denúncia na delegacia.

O caso segue sob acompanhamento do Ministério Público e de entidades de defesa dos direitos humanos, que veem na decisão um passo importante para o enfrentamento à violência doméstica e uma possível mudança na maneira como o Judiciário trata casos que envolvem personalidades públicas.

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