Política Regional

Ex-vice-prefeito de Ibitirama vai a júri por feminicídio

O crime ocorreu na madrugada de 9 de abril de 2023. Vanuza foi encontrada morta com um tiro no peito no banheiro da casa onde vivia com Morales.

Por Diorgenes Ribeiro

4 mins de leitura

em 17 de jun de 2025, às 12h39

Foto: Reprodução | Redes Sociais
Foto: Reprodução | Redes Sociais

O ex-vice-prefeito de Ibitirama, Célio Martins Morales, será julgado pelo Tribunal do Júri pelo assassinato da esposa, Vanuza Spala de Almeida, de 41 anos. A decisão foi mantida pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), que negou os recursos da defesa e confirmou o encaminhamento do réu ao julgamento popular pelos crimes de feminicídio, porte ilegal de arma e fraude processual.

O crime ocorreu em abril de 2023, na residência do casal, localizada na zona rural do município. A morte de Vanuza causou forte comoção no Espírito Santo. De acordo com o Ministério Público Estadual, o crime foi motivado por ciúmes e sentimento de posse, o que caracteriza motivação torpe e reforça a tipificação como feminicídio — homicídio cometido em razão da condição de gênero da vítima.

A decisão colegiada do TJES foi publicada no dia 29 de maio. A relatora do processo, desembargadora Rachel Durão Correia Lima, considerou os pedidos da defesa como “meramente protelatórios” e destacou que há indícios de alteração da cena do crime, o que sustenta também a acusação por fraude processual. A magistrada também negou o pedido de absolvição sumária pelos demais crimes, destacando a existência de elementos suficientes para apreciação pelo júri.

Fuga e prisão

Após o crime, Morales fugiu e permaneceu foragido por mais de uma semana. Ele foi localizado no estado de Goiás e se entregou à Polícia Civil em 19 de abril de 2023, acompanhado por um advogado. Durante o interrogatório, optou pelo silêncio.

À época, o delegado responsável pelas investigações, Tiago Dorneles, afirmou que a Polícia Civil descartou a hipótese de suicídio com base no laudo pericial, que apontou ausência de marcas típicas de disparo à curta distância, reforçando a tese de homicídio doloso. “A polícia sustenta o indiciamento pelo crime de feminicídio, cuja pena pode chegar a 30 anos de reclusão”, declarou o delegado.

Desde então, o ex-vice-prefeito está detido preventivamente no Centro de Detenção Provisória de Marataízes, onde aguarda a definição da data de julgamento.

Relacionamento marcado por abusos, afirma família

Familiares da vítima afirmam que Vanuza vivia um relacionamento abusivo e tentava se separar. A irmã, Vanessa Spala, relatou que Morales costumava intimidá-la com uma arma de fogo dentro da própria casa. “Ela ligava chorando, dizendo que não aguentava mais. Ele colocava a arma na mesa para intimidar”, afirmou.

Segundo a família, Vanuza sonhava em ser mãe e realizava tratamento para engravidar, desejo que não era compartilhado pelo marido. “O único sonho dela era ter um filho”, contou Vanessa. A mãe da vítima, Nilda Spala, diz viver um luto constante desde o crime: “Nossa vida agora é chorar o dia todo e a noite inteira”.

Relembre o caso

O crime ocorreu na madrugada de 9 de abril de 2023. Vanuza foi encontrada morta com um tiro no peito no banheiro da casa onde vivia com Morales. Inicialmente, o ex-vice-prefeito alegou suicídio, versão rapidamente contestada pela perícia e pelas investigações. O comportamento do acusado, que se apresentou à polícia antes da decretação da prisão, mas depois fugiu ao saber do mandado, também levantou suspeitas.

Julgamento será próximo passo

Com a manutenção da decisão pela Justiça capixaba, Célio Morales será submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, ainda sem data definida. A expectativa da família de Vanuza é de que o julgamento represente um passo em direção à responsabilização e à justiça.

A defesa do ex-vice-prefeito foi procurada pela reportagem, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

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