Haddad critica ajuste fiscal e mira ricos: “Chegou a hora”
A declaração ocorre dois dias após a Câmara dos Deputados e o Senado Federal anularem, com ampla maioria, a medida proposta pelo Executivo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta sexta-feira (27), durante uma aula na Faculdade de Direito da USP, que este “não é um momento político para se recolher”, em referência à derrota do governo no Congresso Nacional com a derrubada do decreto que aumentava a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A declaração ocorre dois dias após a Câmara dos Deputados e o Senado Federal anularem, com ampla maioria, a medida proposta pelo Executivo.
Segundo Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já foi informado de sua posição, e a judicialização do caso vem sendo considerada como uma das principais alternativas do governo diante da derrota. “Agora é hora de vestir o uniforme do embate, do bom debate público, do debate político, da disputa por ideias, por futuro, com as nossas armas, que são o conhecimento, a empatia, o bom senso”, declarou o ministro.
Apesar da resistência do Congresso, Haddad negou que seja contrário ao ajuste fiscal, mas fez críticas ao histórico da política econômica brasileira, afirmando que, no país, ajustes costumam recair sobre os mais pobres. “Ajuste fiscal no Brasil é sinônimo de supressão de direitos”, afirmou.
O governo estuda três caminhos para reagir à derrubada: encontrar uma nova fonte de arrecadação, promover cortes adicionais no Orçamento de 2025 ou judicializar o caso. Haddad tem defendido publicamente esta última opção.
A medida de reajuste do IOF foi anunciada pelo governo no fim de maio, como parte de um pacote de contenção orçamentária. Após repercussão negativa no mercado, o Executivo tentou renegociar o conteúdo do decreto com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mas não obteve sucesso. A derrubada do decreto foi aprovada por 383 votos a 93 na Câmara e confirmada simbolicamente no Senado, marcando a primeira anulação de um decreto presidencial em mais de 30 anos.
Segundo divulgado pelo portal Metrópoles, durante sua fala na USP, Haddad voltou a defender uma política fiscal mais progressiva, que incida sobre os mais ricos. “Quem vai pagar essa conta? Em geral, é o salário mínimo, o aposentado, o servidor público, o pessoal da periferia. Quando você diz que o dono da cobertura vai pagar o condomínio, aí não pode. Aí o ajuste fiscal deixa de ser interessante”, ironizou.
O ministro também fez um alerta à esquerda, dizendo que é preciso recuperar um projeto ambicioso de transformação social para fazer frente ao avanço de grupos conservadores. “Se não colocarmos um processo ambicioso de transformação em pauta, forças obscurantistas vão começar a fazer estragos”, concluiu.
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