Haddad: “Pode gritar, mas vamos seguir com justiça tributária”
Em tom firme, Haddad afirmou que a gestão atual seguirá promovendo justiça fiscal e social.

Durante o lançamento do Plano Safra, nesta segunda-feira (30), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reagiu às críticas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a política tributária do governo Lula (PT), especialmente após o revés sofrido com a derrubada do decreto que aumentava a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Em tom firme, Haddad afirmou que a gestão atual seguirá promovendo justiça fiscal e social. “Pode gritar, pode falar, vai chegar o momento de debater. Mas nós não vamos nos intimidar na busca por justiça”, declarou o ministro.
A fala ocorreu após Bolsonaro, por meio das redes sociais, criticar as propostas econômicas do governo. Haddad rebateu, lembrando que o ex-presidente manteve congelada por quatro anos a tabela do Imposto de Renda. “Esse é o aumento de imposto mais cruel: deixar a tabela congelada, penalizando especialmente os trabalhadores”, disse. “Qual a moral desse senhor para falar sobre aumento de imposto?”, questionou.
A equipe econômica tem defendido a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para contribuintes com renda mensal de até R$ 5 mil. A medida, que beneficiaria cerca de 10 milhões de brasileiros a partir de 2026, deve provocar impacto fiscal significativo. Estimativas da Receita Federal apontam perda de R$ 3 bilhões para os municípios e cerca de R$ 1,55 bilhão para estados e o Distrito Federal. Já a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) calcula perdas que podem ultrapassar R$ 9,5 bilhões.
Para compensar a desoneração, o governo propôs um imposto mínimo sobre altas rendas — uma alíquota progressiva de até 10% para quem recebe acima de R$ 600 mil por ano.
Haddad também criticou o comportamento do ex-presidente, dizendo que Bolsonaro evita o debate público e prefere se manifestar apenas nas redes sociais. “Ele nem foi julgado e já pede perdão, já pede anistia. Corre como sempre do debate”, afirmou. “Hoje apareceu com mais uma mentira. Todo dia tem uma nova.”
Em meio à crise entre os poderes, a Advocacia-Geral da União avalia judicializar a questão do IOF, após o Congresso Nacional revogar, no dia 25 de junho, o decreto presidencial que aumentava o imposto — algo que não acontecia desde 1992, durante o governo Collor.
Segundo o site Metrópoles, a decisão do Legislativo representou uma derrota simbólica para o Palácio do Planalto: o decreto foi derrubado por ampla maioria na Câmara (383 votos favoráveis e 93 contrários) e confirmado horas depois pelo Senado, em votação simbólica.
Haddad ainda criticou as manobras legislativas conhecidas como “jabutis” — emendas inseridas em projetos de lei sem relação com o tema original —, alegando que essas práticas frequentemente favorecem grandes empresários. “Ninguém assume a paternidade de um jabuti. Quando tiramos isso do ordenamento jurídico, dizem que é aumento de imposto. Não é. É respeito com quem paga seus tributos em dia”, afirmou.
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