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Treta com padre Fábio de Melo chega ao Vaticano e vira processo

Segundo o jornalista Ricardo Feltrin, um bispo de Santa Catarina encaminhou queixa à Congregação para a Doutrina da Fé, órgão da Igreja Católica responsável por apurar denúncias contra religiosos.

Por Diorgenes Ribeiro

3 mins de leitura

em 18 de jun de 2025, às 13h13

Foto: Reprodução | Redes Sociais
Foto: Reprodução | Redes Sociais

A controvérsia envolvendo o padre Fábio de Melo e Jair José Aguiar da Rosa, ex-gerente de uma cafeteria Havanna em Joinville (SC), ganhou repercussão internacional após denúncia apresentada ao Vaticano. O religioso foi acusado de não ter tido uma atitude cristã durante o episódio que resultou na demissão de Jair, amplamente divulgado nas redes sociais.

Segundo o jornalista Ricardo Feltrin, um bispo de Santa Catarina encaminhou queixa à Congregação para a Doutrina da Fé, órgão da Igreja Católica responsável por apurar denúncias contra religiosos. A reclamação aponta que o comportamento do padre foi incompatível com os preceitos cristãos. A denúncia é tratada como uma questão disciplinar e, apesar de não implicar sanções severas, pode deixar uma mancha no registro do religioso.

O que é a Congregação para a Doutrina da Fé?

Criada em 1542 durante a Inquisição, a Congregação para a Doutrina da Fé inicialmente atuava como tribunal eclesiástico para punir hereges — aqueles que professavam doutrinas contrárias ao dogma da Igreja. Atualmente, o órgão atua no julgamento de denúncias relacionadas ao comportamento de membros do clero, incluindo casos de desvios financeiros, casamentos não autorizados e abusos sexuais. O ex-Papa Bento XVI já presidiu essa instituição antes de sua eleição ao papado.

Processo judicial contra o padre

No fim de maio, Jair José Aguiar da Rosa ingressou com uma ação judicial contra padre Fábio de Melo e a empresa onde trabalhava, devido à repercussão do caso que resultou em sua demissão. A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Turismo, Hospitalidade e similares (Sitratuh).

De acordo com o advogado Eduardo Tocilo, “a ação cível contra o influenciador religioso já está em andamento, assim como a ação trabalhista contra a empresa, que tentou transferir a responsabilidade integral ao empregado para se resguardar da repercussão do vídeo”.

Impactos pessoais e desabafo

Quase um mês após a demissão, Jair declarou que enfrenta depressão e precisou trancar a faculdade faltando três meses para concluir o curso. Em entrevista ao programa Tá na Hora, do SBT, ele negou ter tido qualquer contato direto com o padre durante o incidente.

“Eu queria que ele explicasse por que fez isso comigo. Nas câmeras, não falo com ele. Quem questiona o doce de leite é um homem forte de regata vermelha, não o padre”, afirmou.

Jair revelou ainda o impacto emocional da exposição: “Minha vida está virada, fui diagnosticado com três síndromes diferentes por causa da grande exposição. Tenho muito medo de sair na rua. A vergonha é enorme”.

Posicionamento do padre Fábio de Melo

Em nota enviada ao programa, o padre afirmou: “Nunca levantei minha voz ou ação com intenção de ferir ou prejudicar alguém. Não carrego em mim a intenção da maldade, vingança ou revide”.

Sobre a repercussão nas redes sociais, comentou: “Vivemos tempos difíceis, em que a verdade muitas vezes é soterrada pelos julgamentos precipitados e a crueldade das redes sociais, onde raramente há espaço para defesa”.

Por fim, reforçou seu compromisso religioso: “Se minha postura causou dor a alguém, estendo a mão para acolher, dialogar e perdoar. Sigo em paz com a consciência tranquila, vivendo para servir”.

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