PEC do fim da jornada 6x1 sofre resistência entre deputados
Apesar de contar com 234 assinaturas para tramitar na Câmara, a proposta esbarra em forte resistência política, inclusive na base aliada do governo.

Uma ampla maioria dos deputados federais é contrária à proposta de emenda constitucional que propõe o fim da jornada de trabalho 6×1. Segundo pesquisa realizada pela Genial/Quaest, 70% dos parlamentares rejeitam a iniciativa apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), tornando o tema um dos de menor aceitação na atual pauta do Congresso Nacional.
A proposta prevê a redução da carga horária semanal de 44 para 36 horas, distribuídas em quatro dias, extinguindo a jornada tradicional em que o trabalhador atua seis dias por semana com apenas um de descanso. Apesar de contar com 234 assinaturas para tramitar na Câmara, a proposta esbarra em forte resistência política, inclusive na base aliada do governo.
De acordo com os dados da pesquisa, o maior índice de rejeição parte da oposição ao governo Lula, com 92% dos deputados contrários à mudança. Entre os parlamentares independentes, 74% também se manifestaram contra a PEC. A resistência atinge até mesmo a base governista: 55% dos deputados aliados ao Planalto não concordam com o fim do modelo atual.
Os números indicam um desafio para o governo federal, que abraçou o debate como uma de suas pautas no campo trabalhista. Em pronunciamento no Dia do Trabalho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a abertura de diálogo sobre a jornada 6×1:
“Está na hora de o Brasil dar esse passo, ouvindo todos os setores da sociedade, para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar dos trabalhadores”, disse Lula.
A adesão à proposta também varia conforme a posição ideológica. Entre os governistas, 44% apoiam o fim da escala 6×1. Já entre os independentes, esse apoio cai para 23%, enquanto na oposição o número é ainda menor: apenas 6% aprovam a mudança.
Entenda a proposta
Apresentada em fevereiro deste ano, a PEC de Erika Hilton propõe, além do fim da jornada 6×1, a instituição de um novo modelo: quatro dias de trabalho e três de descanso (escala 4×3). A deputada afirma que a iniciativa busca garantir mais qualidade de vida aos trabalhadores, embora admita que o texto possa ser negociado para modelos intermediários, como a jornada 5×2.
A discussão sobre o tema ganhou visibilidade nas redes sociais no final de 2024 e, com o apoio de 234 parlamentares, Hilton conseguiu protocolar a proposta na Câmara.
Sobre a pesquisa
A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre 7 de maio e 30 de junho de 2025 e ouviu 203 deputados federais, cerca de 40% da composição da Câmara. A amostra considerou a divisão por partidos, regiões e posicionamento ideológico dos parlamentares. A margem de erro é de 4,5 pontos percentuais.