COP compartilhada: entenda como será o formato inédito em 2026
A estrutura foi oficializada em documento da ONU e altera a lógica tradicional, até então centrada em um único país-sede.

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2026, a COP31, terá um formato inédito que vai remodelar a forma como as decisões climáticas globais são conduzidas. Pela primeira vez, a operação e a condução política do encontro serão divididas entre dois países com papéis complementares, mas igualmente centrais. A estrutura foi oficializada em documento da ONU e altera a lógica tradicional, até então centrada em um único país-sede.
Receba as principais notícias no seu WhatsApp! clique aquiA Turquia assumirá a posição de anfitriã oficial e ficará encarregada de toda a engrenagem por trás da conferência. Isso inclui a operação completa do evento, a logística de delegações e chefes de Estado e a comunicação institucional da COP31, além de conduzir a Cúpula de Líderes Mundiais.
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O país também carregará responsabilidades estratégicas na construção da chamada Agenda de Ação da COP. O país deverá organizar uma sessão específica voltada às necessidades de financiamento climático dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS).
A proposta inclui a criação de uma plataforma dedicada a mobilizar recursos e compromissos para o Mecanismo de Resiliência do Pacífico, instrumento projetado para fortalecer capacidade de adaptação, infraestrutura resiliente e resposta a desastres na região.
Ao país ainda caberá a indicação do Campeão de Alto Nível da ONU para o Clima e a nomeação do Campeão da Juventude, medida solicitada pela Austrália para fortalecer a participação de jovens nas negociações.
A Austrália, por sua vez, comandará o núcleo das negociações, ocupando a vice-presidência da conferência. O arranjo cria, na prática, um sistema de co-governança: todos os passos decisórios devem ser tomados em conjunto e, diante de impasses, os dois países precisarão abrir rodadas de consulta até alcançar um consenso considerado “mutuamente satisfatório”.
Caberá ainda ao país articular a agenda com os governos insulares, presidir as sessões de trabalho, organizar toda a parte logística e operacional e estruturar as discussões que serão levadas ao debate principal da COP31.
Outra inovação significativa está fora dos corredores onde tradicionalmente as pré-COPs são realizadas. O encontro preparatório ocorrerá em um país insular do Pacífico, ainda a ser selecionado pelas próprias nações da região.
A decisão tem objetivo claro: levar o protagonismo político às populações que vivem sob ameaça direta da crise climática, especialmente diante da elevação do nível do mar, da intensificação de eventos extremos e dos impactos que já colocam em risco a sobrevivência de alguns Estados insulares.