Neste sábado (26), moradores de Guaçuí, no Caparaó, promoveram uma passeata contra o racismo pelas principais ruas da cidade. O movimento ocorreu após um vídeo com suposto teor racista ser divulgado e viralizar nas redes sociais no município.

Leia também: Após eleições, atual prefeito de Guaçuí decreta contenção de despesas

No vídeo, que tem apenas 26 segundos, gravado na semana anterior ao 1º turno das eleições, que ocorreu no último dia 6 de outubro, é possível ver que três homens desdenham dos eleitores que possivelmente iriam votar em algum candidato, que não fosse o escolhido por eles.

Marco histórico

Cerca de 50 pessoas se reuniram em frente a Prefeitura e percorreram as principais ruas. Entre os manifestantes, que gritavam palavras de ordem, estava Vagner Rodrigues (PP), prefeito eleito em Guaçuí, e Edielson de Souza (PP), vereador eleito no município.

Ângela, uma das organizadoras da passeata antirracista em Guaçuí, espera que a partir da manifestação, as pessoas passem a ter consciência e respeito pelas pessoas de cor. “Eu creio que de agora para frente, todas as pessoas de cor negra serão respeitas. Aquelas que não tinham seu espaço, vão ter seu espaço agora. Todos nós, negros, teremos nosso espaço na sociedade, e o preconceito vai acabar nesta cidade. Ainda existe muito preconceito em Guaçuí”, disse.

26 de outubro

Sobretudo, umas das falas mais esperadas foi a do prefeito eleito, Vagner Rodrigues, que prometeu implementar o dia 26 de outubro como Dia Municipal da Luta Antirracista em Guaçuí.

Wesley Ferreira Mendes, de 14 anos, que estava na passeata, também falou sobre a importância do movimento. “A cor da nossa pele não justifica nada. É muito importante para gente, combater isso, para que esse movimento seja reconhecido, e que a gente possa acabar com isso. Não é só na nossa cidade, mas no mundo inteiro”, frisou.

Laurindo Rosa de Assis, de 46 anos, também presente na manifestação, comentou sobre o papel do homem branco na luta antirracista. “Eu acho que tem que haver o engajamento dos brancos na luta contra o racismo. Eu mesmo, nunca vou sentir na pele o que é isso. Mas, eu compadeço com a pessoas que sofrem esse preconceito. Eu trabalho como advogado, e sei que dentro dos presídios, a maioria das pessoas que estão lá, às vezes nem estão por conta do crime, e sim pela cor da pele. É institucional, temos que lutar contra isso, porque assim, vamos criar uma sociedade melhor. Ser humano é ser humano, não importa a cor da pele. Todo mundo é igual”.

Por fim, Lucelena da Silva Costa, comentou sobre a importância do movimento para a cidade. “Hoje o racismo é muito grande, não é a primeira vez que houve racismo dentro de Guaçuí. Racismo não! Tem que respeitar todo cidadão brasileiro, seja negro ou branco. Nós queremos respeito, então logo que aconteceu o fato, eu fui para as redes sociais, reivindicar os direitos dos negros. Temos direito de reivindicar, porque nossa cor tem que ser vista e honrada, então queremos respeito. Todos têm o respeito, então nós também queremos o respeito”, finalizou.