Câncer de mama não existe? Polêmica envolve médicos no Brasil
Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, essas afirmações são irresponsáveis e podem desinformar o público.
No mês de conscientização sobre o câncer de mama, uma polêmica envolvendo dois médicos brasileiros ganhou forte repercussão nas redes sociais. O fato acendeu um alerta em conselhos médicos e na Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Esse caso levanta discussões importantes no contexto de saúde pública e de confiança nas informações médicas.
De acordo com uma reportagem da Rede Globo e do portal G1, os médicos Lana Almeida, registrada no Pará, e Lucas Ferreira Mattos, com registros em São Paulo e Minas Gerais, estão sendo investigados. A investigação é por supostas declarações que, segundo especialistas, espalham desinformação sobre o câncer de mama. Ambos sugeriram que a doença “não existe” e afirmaram que a mamografia poderia ser prejudicial à saúde.
Lucas Ferreira Mattos, que possui mais de 1,2 milhão de seguidores em redes sociais, fez declarações controversas em resposta a uma seguidora que questionava o acompanhamento de cistos nos seios. Segundo o médico, “uma mamografia gera uma radiação para a mama equivalente a 200 raios-X, o que aumenta a incidência de câncer de mama. Tenho 100% de certeza que o seu nódulo benigno é deficiência de iodo”. Contudo, essa afirmação se baseou apenas na descrição breve fornecida pela seguidora, sem análise clínica ou exames complementares.
Esse tipo de conteúdo preocupa especialistas e entidades médicas. Eles veem nas alegações um risco à saúde pública, especialmente por serem divulgadas por profissionais de saúde.
Conselho de Medicina e investigações
A situação de Lana Almeida também é alvo de procedimentos internos do Conselho Regional de Medicina do Pará. A médica não possui especialidade oficialmente registrada no Conselho Federal de Medicina (CFM). Em vídeos no Instagram, a profissional se identifica como especialista em mastologia e ultrassonografia das mamas. Ela afirma que “câncer de mama não existe” e que “mamografias devem ser evitadas”. Além disso, ela sugere um tratamento com hormônios, sem embasamento científico reconhecido.
Essas declarações geraram forte reação de entidades médicas. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, essas afirmações são irresponsáveis e podem desinformar o público. Essas falas desencorajam o rastreamento precoce do câncer de mama, uma prática amplamente recomendada e validada por estudos científicos.
Desinformação e preocupações da comunidade médica
Por outro lado, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) reforçam a importância da mamografia como um método eficaz de diagnóstico precoce, que é crucial tanto para a detecção de lesões em estágios iniciais quanto para a redução da mortalidade. Nesse contexto, a divulgação de informações inverídicas e sem respaldo científico causa grande preocupação entre as entidades de saúde, especialmente quando tais declarações vêm de profissionais da medicina.
Além disso, em nota, a SBM destacou que “a disseminação de notícias falsas sobre o câncer de mama e a mamografia é um desserviço à população”. Por isso, a entidade orienta que as pessoas busquem informações em fontes confiáveis, principalmente durante o Outubro Rosa, período em que campanhas de conscientização estão em destaque.
Outubro Rosa contra o câncer de mama
O movimento Outubro Rosa alerta para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, que, segundo o Inca, é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil. As diretrizes nacionais e internacionais recomendam mamografias regulares para mulheres a partir dos 40 anos como um método eficaz de rastreamento para detectar anomalias.
Essas recomendações se baseiam em estudos científicos que mostram que o diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de cura e reduz a mortalidade associada ao câncer de mama.
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