Especial

Cachoeiro de Itapemirim: a rocha forte da economia Sul Capixaba

A força econômica de Cachoeiro está profundamente enraizada em sua geografia e história

Por João Paulo Alóchio

4 mins de leitura

em 27 de mar de 2025, às 13h36

Foto: Divulgação/Sindirochas
Foto: Divulgação/Sindirochas

Na última terça-feira, 25 de março, Cachoeiro de Itapemirim celebrou 158 anos de emancipação política com orgulho de seu passado e olhar firme para o futuro. Conhecida como a “Capital do Mármore e do Granito”, a cidade se destaca como o maior polo do setor de rochas ornamentais do Espírito Santo — e um dos principais do Brasil e do mundo.

A força econômica de Cachoeiro está profundamente enraizada em sua geografia e história. Desde o ciclo do café, passando pela industrialização, até o surgimento de grandes empresas ligadas ao beneficiamento de mármore e granito, o município encontrou no solo rochoso e nas mãos habilidosas de seus trabalhadores um caminho para o desenvolvimento.

Hoje, décadas após o fortalecimento do setor de rochas na região, os números impressionam: Cachoeiro concentra 39% das empresas do setor de rochas naturais no Espírito Santo, à frente do segundo colocado, que detém apenas 5%. Dessas empresas, 6% atuam na extração, 59% no beneficiamento, corte e acabamento, e 35% na comercialização. O município também é responsável por 37,2% dos postos de trabalho do setor no estado, sendo um verdadeiro motor de geração de emprego.

A relevância nacional também é notável. Em 2024, as exportações de rochas naturais a partir de Cachoeiro somaram R$ 1,6 bilhão, o que representa 23,5% de todas as exportações brasileiras do setor. No mercado interno, o faturamento anual das empresas cachoeirenses foi estimado em R$ 1,8 bilhão. Como comparação, 98,7% das exportações registradas no município no último ano tiveram origem no setor de rochas, demonstrando sua hegemonia econômica.

A mão de obra local reflete a maturidade e a modernização do setor. 54% dos trabalhadores têm entre 30 e 49 anos e 57% possuem escolaridade de ensino médio completo ou superior. A presença feminina, ainda em processo de crescimento, representa 17% da força de trabalho. Esse perfil demonstra que, além da tradição, Cachoeiro investe em qualificação e diversidade para sustentar seu protagonismo.

Um dos símbolos dessa força produtiva e da articulação entre os diversos agentes do setor é a tradicional Feira Internacional do Mármore e Granito, realizada anualmente no município. O evento atrai compradores, arquitetos, engenheiros, empresários e fornecedores de todo o Brasil e de diversos países, promovendo negócios, networking e lançamentos tecnológicos.

Além de movimentar a economia local, a feira projeta Cachoeiro de Itapemirim no cenário global como uma vitrine da excelência em rochas ornamentais, fortalecendo sua imagem como referência mundial no segmento.

O setor de rochas, que tem uma história relativamente jovem no Espírito Santo — com cerca de 75 anos —, representa hoje um dos maiores vetores de desenvolvimento e avanço da nossa região. O crescimento foi especialmente expressivo no Sul do estado, onde o setor se consolidou e segue inovando e se modernizando a cada dia. Atualmente, somos o quarto maior produtor mundial de rochas ornamentais, o que é motivo de orgulho para todos nós. E seguimos confiantes de que, nos próximos anos, daremos um salto ainda maior, ampliando nossa presença global e fortalecendo ainda mais a economia capixaba.”

Ed Martins, presidente do Sindirochas.

A força do campo e o setor rural

Embora o setor de rochas seja o protagonista da economia cachoeirense, o campo também segue pulsando com vigor. A agropecuária e a agricultura familiar têm sido valorizadas nos últimos anos, e eventos como a Exposul Rural mostram a pujança do interior do município e de toda a região Sul.

Realizada anualmente, a Exposul Rural se tornou o maior evento do setor agropecuário do Espírito Santo, reunindo produtores, empresários, pesquisadores e consumidores em um grande espaço de troca, inovação e negócios. Com exposições, leilões, rodadas de crédito e atrações culturais, a feira ajuda a manter vivo o espírito empreendedor do campo, que, assim como as rochas, faz parte da identidade de Cachoeiro.

Aos 158 anos, Cachoeiro de Itapemirim celebra não apenas sua história, mas também sua capacidade de se reinventar e crescer. Uma cidade que pulsa entre a força das pedras e o vigor do campo, equilibrando tradição e inovação rumo ao futuro.

Nós, os cachoeirenses da roça, acostumados a plantar, esperamos por dias de colheita. Uma colheita farta e abundante, de respeito, dignidade, comprometimento e zelo por quem alimenta esta cidade — Cachoeiro de Itapemirim — há 158 anos, sem descansar. Não existe gesto maior de amor por Cachoeiro do que este: o de alimentar todos os cidadãos, diariamente.

— Wesley Mendes, presidente do Sindirural

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Assuntos:

Economia