Arte que salva: história de “Maninha”, uma mãe bordadeira de Burarama
Com uma história de superação, ela conta que encontrou na arte força para se reerguer.

O escritor norte-americano Kurt Vonnegut Jr. (11/11/1922 – 11/04/2007) uma vez disse: “As artes não são uma maneira de ganhar a vida. Elas são uma maneira muito humana de tornar a vida mais suportável. Praticar uma arte, não importa quão bem ou mal seja, é uma maneira de fazer sua alma crescer”.
Talvez isso resuma a história de Maria Aparecida Gava, de 67 anos. Dona “Maninha”, como é carinhosamente chamada, faz parte do grupo Meninas Bordadeiras de Burarama, distrito de Cachoeiro de Itapemirim.
Com uma história de superação, ela conta que encontrou na arte força para se reerguer. Isso porque Maria trabalhou como Agente Comunitária de Saúde (ACS) e, após se aposentar, enfrentou períodos de depressão tenebrosos. Assim, mesmo com o apoio da família, Maninha se viu em uma situação de desespero.
“Eu me sentia muito sozinha. Mesmo com meu marido, sem atividades extras, eu me sentia perdida”, conta.
Nesse sentido, Maria relata, ainda, que a depressão causou, além de danos emocionais, também, danos físicos. “Foram momentos muito difíceis, a ponto de emagrecer 20 quilos”.
O bordado da vida
Então, como um ponto de luz em meio à escuridão, o grupo Meninas Bordadeiras de Burarama surgiu como um refúgio. Maninha conta que já conhecia o projeto social, mas que o reencontro com as mulheres da mesma idade a ajudou a encontrar o equilíbrio da vida.



Lá, ela explica que, para além das produções artísticas, o grupo servia para troca de histórias e partilhamento de experiências.
“Nos nossos encontros, eu encontrei um lugar seguro e tranquilo. Às vezes, o desânimo vem, mas é só ir para o grupo, que volto outra pessoa. Trocamos dicas de bordados, crochê, experiências e risadas”.
Assim, para Maria Aparecida, a arte se tornou cura.
Um legado para gerações
Com sua história de superação, Maria Aparecida Gava revela que deseja compartilhar o poder da arte para as próximas gerações. Para isso, ela já divide, com as próprias netas, o conhecmento das linhas e pontos e incentiva a partição dos pequenos no grupo. Segundo ela, até mesmo o netinho, de apenas dois anos, é encantado pelos bordados e pelos crochês.
“Meus filhos gostam muito de me ver participar. Minha filha, quando criança, também esteve no grupo.”
Desse modo, a trajetória de Maninha comprova o quanto a arte salva, remonta e remolda. Além de bordar peças lindas, Maria aprendeu a reconstruir as perspectivas de sua própria história com as linhas que vida dá.


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