Ex-governador do Rio afirma que presídios se tornaram “escritórios do crime”
Segundo o ex-governador, o Rio teria se tornado um ambiente “atraente” para o crime organizado, que estaria migrando de outros estados.

O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho fez duras críticas à atuação das autoridades estaduais e federais na área da segurança pública, ao relatar um suposto acordo entre servidores públicos e integrantes de facções criminosas para a devolução de armas do Exército que haviam sido furtadas de um quartel em Barueri (SP).
Em entrevista ao canal do Portal T1 Rio de Janeiro no You Tube, no dia 24 de julho, o ex-governador afirmou que a operação teria ocorrido sem prisões e com a intermediação da Secretaria de Administração Penitenciária.
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De acordo com o relato, as armas desaparecidas do quartel de Barueri foram localizadas pela inteligência do Exército na comunidade da Rocinha, zona sul do Rio. O plano inicial, segundo Garotinho, previa que o Exército cercaria a região enquanto a Polícia Militar realizaria a incursão para apreender o material bélico. A operação, no entanto, não chegou a acontecer.
Garotinho afirmou ainda que dois oficiais do Exército teriam se dirigido a uma penitenciária do Rio de Janeiro para negociar a devolução das armas. Ainda de acordo com ele, os militares tentaram se passar por policiais penais, mas foram barrados por agentes que desconfiaram da ação. Após a confusão, líderes do Comando Vermelho teriam oferecido uma alternativa para evitar confronto armado.
Conforme a denúncia, as armas foram devolvidas ao Exército no local indicado, sem que houvesse prisão de nenhum envolvido.
O ex-governador declarou ainda que a negociação teria sido conduzida pela Secretaria de Administração Penitenciária do Estado, com ciência de autoridades federais. “Os presídios do Rio viraram escritórios dos criminosos mais perigosos do Estado e do Brasil”, afirmou.
Durante o pronunciamento, Garotinho dirigiu críticas ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmando que as unidades prisionais do estado estariam sob o controle de facções criminosas, que ordenam ações de dentro das celas. Segundo o ex-governador, o Rio teria se tornado um ambiente “atraente” para o crime organizado, que estaria migrando de outros estados.