A alvorada chinesa
No horizonte, a China está à espreita para assumir a dianteira da geopolítica no mundo
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por João Paulo Alóchio Lucas
Dois grandes caminhões dirigem em uma rodovia, em sentidos opostos, um em direção ao outro. O motorista do caminhão da direita, um senhor de rosto alaranjado, em seu veículo com uma águia estampada na cabine, pensa, em voz alta: “Ele que saia da minha frente!”. No outro caminhão, da esquerda, de boleia vermelha com estrelas amarelas, o condutor, com a voz serena, afirma: “Ele não é doido, está me vendo aqui”.
Em ambas as faixas dessa rodovia, os motoristas dos outros veículos, carros de passeio, pequenos, prendem a respiração e fecham os olhos no aguardo da colisão, que parece praticamente inevitável.
É nesse cenário, caótico, que Donald Trump entra no vale tudo para conter o predomínio da China no mercado global. Com novas tarifas sendo aplicadas, dia após dia, o presidente americano atira para todos os lados e pode acabar acertando os investidores do próprio país.
Com as cartas na mesa, a China e sua economia robusta, confronta o “tarifaço” trumpista em pé de igualdade – talvez a única nação do mundo que possui gordura suficiente para queimar nessa ginástica. E isso tem uma explicação prática.
O Partido Comunista Chinês se preparou para este momento. Após o primeiro mandato de Trump (2017-2021), era previsível que houvesse uma escalada radical nos anos seguintes – principalmente após o retumbante fracasso da política externa do presidente democrata Joe Biden (2021-2025).
Com uma economia baseada em relações comerciais estreitas, a China já anunciou que irá buscar outros países para acomodar os produtos exportados para os EUA. Europa, América Latina, África e outros países asiáticos podem ser um dos destinos – alguns deles também sobretaxados por Trump.
Embora seja um momento difícil, economistas acreditam que nesse embate, a China possui mais condições de mercado para resistir às investidas tarifárias de Donald Trump.
Com isso, a perspectiva protecionista norte-americana pode representar um enorme revés para investidores do país e, claro, para a população, o cidadão médio, que sentirá o efeito dominó causado por Trump.
Até mesmo os conselheiros mais próximos da Casa Branca tentam frear o ímpeto do presidente. Entre eles, Elon Musk, fiel partidário de Trump, dá pequenos sinais de insatisfação com a guerra tarifária. Todos compreendem os riscos de uma clara recessão econômica.
No horizonte, a China está à espreita para aproveitar cada passo em falso dado por Trump, aguardando e aproveitando as oportunidades para assumir a dianteira da geopolítica no mundo.
Pronto para o combate, o dragão asiático demonstra cada vez mais resiliência para essa briga. Ao resto do mundo, só resta sentar e aguardar para saber se a colisão entre as duas maiores economias, de fato, acontecerá e, claro, seus impactos regionais.
** João Paulo Alóchio Lucas é Jornalista e entusiasta das ciências exatas. Economia e geopolítica são temas recorrentes em sua atuação editorial.
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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do AQUINOTICIAS.COM