A alvorada chinesa

No horizonte, a China está à espreita para assumir a dianteira da geopolítica no mundo

3 mins de leitura

em 08 de abr de 2025, às 15h06

por João Paulo Alóchio Lucas

Dois grandes caminhões dirigem em uma rodovia, em sentidos opostos, um em direção ao outro. O motorista do caminhão da direita, um senhor de rosto alaranjado, em seu veículo com uma águia estampada na cabine, pensa, em voz alta: “Ele que saia da minha frente!”. No outro caminhão, da esquerda, de boleia vermelha com estrelas amarelas, o condutor, com a voz serena, afirma: “Ele não é doido, está me vendo aqui”.

Em ambas as faixas dessa rodovia, os motoristas dos outros veículos, carros de passeio, pequenos, prendem a respiração e fecham os olhos no aguardo da colisão, que parece praticamente inevitável.

É nesse cenário, caótico, que Donald Trump entra no vale tudo para conter o predomínio da China no mercado global. Com novas tarifas sendo aplicadas, dia após dia, o presidente americano atira para todos os lados e pode acabar acertando os investidores do próprio país.

Com as cartas na mesa, a China e sua economia robusta, confronta o “tarifaço” trumpista em pé de igualdade – talvez a única nação do mundo que possui gordura suficiente para queimar nessa ginástica. E isso tem uma explicação prática.

O Partido Comunista Chinês se preparou para este momento. Após o primeiro mandato de Trump (2017-2021), era previsível que houvesse uma escalada radical nos anos seguintes – principalmente após o retumbante fracasso da política externa do presidente democrata Joe Biden (2021-2025).

Com uma economia baseada em relações comerciais estreitas, a China já anunciou que irá buscar outros países para acomodar os produtos exportados para os EUA. Europa, América Latina, África e outros países asiáticos podem ser um dos destinos – alguns deles também sobretaxados por Trump.

Embora seja um momento difícil, economistas acreditam que nesse embate, a China possui mais condições de mercado para resistir às investidas tarifárias de Donald Trump.

Com isso, a perspectiva protecionista norte-americana pode representar um enorme revés para investidores do país e, claro, para a população, o cidadão médio, que sentirá o efeito dominó causado por Trump.

Até mesmo os conselheiros mais próximos da Casa Branca tentam frear o ímpeto do presidente. Entre eles, Elon Musk, fiel partidário de Trump, dá pequenos sinais de insatisfação com a guerra tarifária. Todos compreendem os riscos de uma clara recessão econômica.

No horizonte, a China está à espreita para aproveitar cada passo em falso dado por Trump, aguardando e aproveitando as oportunidades para assumir a dianteira da geopolítica no mundo.

Pronto para o combate, o dragão asiático demonstra cada vez mais resiliência para essa briga. Ao resto do mundo, só resta sentar e aguardar para saber se a colisão entre as duas maiores economias, de fato, acontecerá e, claro, seus impactos regionais.

** João Paulo Alóchio Lucas é Jornalista e entusiasta das ciências exatas. Economia e geopolítica são temas recorrentes em sua atuação editorial.

As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do AQUINOTICIAS.COM

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