Arnaldinho sai da sombra e tenta luz própria rumo ao Palácio Anchieta

Reeleito em Vila Velha e ainda sem partido, o prefeito decidiu romper o silêncio e anunciar que está “pronto” para alçar voos mais altos.

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em 12 de jun de 2025, às 13h58

Foto: divulgação
Foto: divulgação

Por trás do discurso de gratidão e método científico, o que se vê é um movimento claramente calculado de Arnaldinho Borgo para se colocar na corrida pelo governo do Espírito Santo. Reeleito em Vila Velha e ainda sem partido, o prefeito decidiu romper o silêncio e anunciar que está “pronto” para alçar voos mais altos. Mas o céu capixaba está longe de estar desocupado.

A pré-candidatura de Arnaldinho não nasce do nada. Em um cenário já disputado, com nomes de peso como Ricardo Ferraço (MDB), Lorenzo Pazolini (Republicanos), Sérgio Vidigal (PDT), Da Vitória (PP) e Helder Salomão (PT) ocupando espaços e articulando bases, o prefeito de Vila Velha tenta fincar sua bandeira entre os chamados nomes do “grupo de Casagrande”, embora, curiosamente, não tenha legenda nem espaço garantido.

A fagulha que acendeu a movimentação foi um gesto simbólico do governador Renato Casagrande (PSB) no fim de 2023, quando mencionou, em uma fala genérica, Arnaldinho entre os possíveis quadros para a sucessão. O prefeito aproveitou a brecha e tratou logo de transformar a citação em passaporte para uma cruzada eleitoral. Desde então, intensificou encontros, buscou pesquisa qualitativa e passou a construir um discurso ancorado no desejo de renovação, uma nova geração com princípios conservadores, como fez questão de frisar em seu artigo publicado em A Gazeta, nesta quarta-feira (11).

Mas entre o desejo e a viabilidade, o caminho é longo. O atual cenário político capixaba já demonstra forças claramente organizadas. Ricardo Ferraço, por exemplo, além de ser o sucessor natural, conta com apoio declarado de diversos prefeitos e vem costurando alianças estratégicas, como mostrou o evento com milhares de pessoas em Cariacica, na segunda-feira (9), promovido pelo prefeito Euclério Sampaio. Da Vitória percorre o estado com o mesmo objetivo, enquanto Vidigal segue na articulação dentro do governo e Helder Salomão trava disputa interna no PT. Já Lorenzo Pazolini, único nome de oposição à base de Casagrande, busca musculatura política no interior.

Arnaldinho tenta ocupar um espaço entre esses polos, nem oposição, nem favorito. E aí está o desafio: sem legenda, sem bancada e com base ainda limitada fora da Grande Vitória, sua candidatura parece, por ora, mais aspiracional do que real.

Nos bastidores, há quem veja a movimentação mais como um aceno ao futuro, uma tentativa de valorização para negociar espaço em chapas majoritárias ou garantir protagonismo partidário, do que uma campanha em linha reta ao governo. Não à toa, o prefeito admite estar em busca de uma nova legenda que abrace sua “renovação segura”.

Enquanto isso, a aposta é rodar o estado nos finais de semana, apresentar os feitos de sua gestão em Vila Velha e se aproximar de setores estratégicos como agronegócio, indústria, comércio e grupos religiosos. Um roteiro que parece mirar mais a construção de imagem do que a consolidação de palanques.

Arnaldinho quer ser visto como o “nome jovem com experiência” capaz de unir o legado de Casagrande à mudança que o eleitorado busca. Mas até que ponto esse discurso cola, num ambiente tão disputado? E, mais ainda: até que ponto ele será bem recebido pelas forças que hoje sustentam o governo estadual?

De agora em diante, tudo depende de tempo, cenário nacional, alianças locais e principalmente da disposição dos partidos em apostar em um nome que ainda precisa provar que consegue romper as fronteiras de Vila Velha e construir uma candidatura de Estado.

Arnaldinho saiu da sombra. Se conseguirá andar sob o sol, e sem se queimar, é outra história…

As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do AQUINOTICIAS.COM

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