De olho em 2026: movimento de Pazolini visa unir direita no ES

Trata-se de um movimento estratégico do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), orquestrado com o secretário de Governo Erick Musso, para consolidar alianças à direita visando às eleições estaduais de 2026.

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em 18 de mar de 2025, às 10h54

Charge: Zé Ricardo
Charge: Zé Ricardo

As possíveis nomeações do ex-secretário estadual de Segurança Pública Alexandre Ramalho (PL) e da ex-deputada federal Soraya Manato (PP) para o secretariado da Prefeitura de Vitória revelam mais do que simples ajustes administrativos. Trata-se de um movimento estratégico do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), orquestrado com o secretário de Governo Erick Musso, para consolidar alianças à direita visando às eleições estaduais de 2026.

A troca de comando nas pastas de Meio Ambiente e Assistência Social representaria uma mudança significativa no perfil da administração. Até o momento, essas secretarias eram ocupadas por profissionais técnicos. A substituição por figuras políticas notadamente alinhadas ao bolsonarismo denota um claro reposicionamento ideológico da gestão municipal, que busca atrair setores conservadores para fortalecer a candidatura de Pazolini ao governo do Espírito Santo.

Trampolim

No caso de Soraya Manato, a movimentação tem um objetivo evidente: agradar Carlos Manato, seu marido e ex-deputado federal, que visa uma vaga no Senado, garantindo-lhe influência dentro da gestão municipal. Apesar de filiada ao PP, Soraya não reforça a presença institucional do partido na administração, já representado pela vice-prefeita Cris Samorini. A jogada, portanto, não visa ao fortalecimento partidário, mas à ampliação da base política pessoal de Pazolini. A Secretaria de Assistência Social funcionaria como trampolim para Soraya tentar retornar à Câmara dos Deputados em 2026.

Já Alexandre Ramalho representa outro eixo da estratégia: selar a aproximação entre Pazolini e o PL de Magno Malta. O ex-secretário de Segurança Pública, que construiu sua trajetória no setor de segurança, terá um desafio político considerável caso assuma a Secretaria de Meio Ambiente – uma área completamente alheia à sua especialização. A nomeação de Ramalho, contudo, não parece ter como foco a eficiência administrativa, mas sim a consolidação da aliança com o bolsonarismo no Espírito Santo.

Frente conservadora

O pano de fundo dessas movimentações é a construção de uma frente eleitoral conservadora de direita no Estado. O encontro entre Erick Musso e Magno Malta em Brasília, no início do ano, serviu para selar a trégua entre Republicanos e PL, que estavam em rota de colisão desde as eleições municipais de 2020. Caso seja confirmado, a entrada oficial de Ramalho na gestão de Pazolini sinaliza que a coalizão está sendo formalmente estruturada para as disputas de 2026.

Outro fator importante é o distanciamento crescente entre a Prefeitura de Vitória e o governo de Renato Casagrande (PSB). Soraya Manato e Alexandre Ramalho se notabilizaram por suas críticas ferozes ao governador, e suas eventuais nomeações reforçariam essa ruptura. Em 2022, Carlos Manato foi o principal adversário de Casagrande na disputa pelo governo estadual, e Ramalho protagonizou ataques diretos ao governador durante sua campanha à prefeitura de Vila Velha. A incorporação dessas figuras ao alto escalão da gestão Pazolini é um recado político claro: a administração municipal se posiciona definitivamente na oposição ao Palácio Anchieta.

A volta dos que não foram

Além disso, o retorno do advogado Diego Libardi (Republicanos) ao governo municipal, agora como subsecretário de Qualidade Ambiental e Bem-Estar Animal, reforça o esforço de Pazolini para recompor quadros políticos que podem ser úteis no futuro. Ex-secretário de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho, Libardi tentou, sem sucesso, a prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim. Sua reinserção no governo pode indicar uma tentativa de manter vivo seu nome para futuras disputas eleitorais.

Se confirmada, a nomeação de Ramalho, e a já confirmada de Soraya devem durar pouco mais de um ano. Para concorrerem em 2026, precisarão deixar os cargos antes do período eleitoral. Assim, a jogada de Pazolini e Musso não é de longo prazo, mas uma movimentação tática para pavimentar alianças e construir um bloco político capaz de rivalizar com Casagrande e o PSB nas próximas eleições estaduais.

O uso da máquina pública como vitrine eleitoral, porém, pode ser um ‘tiro no pé’ caso a população perceba que a administração municipal está mais preocupada com acordos políticos do que com a eficiência na gestão da cidade.

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