Interiorizar a assistência à advocacia capixaba: palavra de ordem
As Caixas de Assistência dos Advogados estão entre as maiores entidades assistenciais de classe do Brasil, com uma diversidade de serviços
3 mins de leitura
em 14 de abr de 2025, às 15h22

Por Kelly Andrade
As Caixas de Assistência dos Advogados estão entre as maiores entidades assistenciais de classe do Brasil, com uma diversidade de serviços prestados à advocacia e familiares. É o braço social da Ordem dos Advogados. No entanto, garantir que essa assistência alcance todas as regiões do estado de forma equânime é um desafio que exige planejamento estratégico e compromisso com a inclusão. No Espírito Santo, onde mais de 30% da advocacia capixaba está fora da região metropolitana, não é diferente.
E há muitas perguntas a serem feitas: quantos profissionais necessitam de atendimento psicológico? Quantos precisam de suporte assistencial? A inclusão digital também se tornou um desafio: não basta ter um computador de qualidade – é essencial garantir que todos saibam utilizá-lo com eficiência. Se na capital responder a essas perguntas já não é simples, no interior a realidade é ainda mais desafiadora.
A interiorização não é apenas uma questão administrativa, mas um compromisso com a equidade. O acesso a atendimento psicológico, suporte assistencial e capacitação digital são apenas algumas das demandas que precisam ser catalisadas em sua máxima eficiência aos 78 municípios.
Mas por que, em 67 anos de existência da Instituição, não conseguimos uma solução definitiva? Por que fomentamos projetos individuais em vez de tornar o suporte à advocacia uma realidade para todos? A resposta passa pela necessidade de uma gestão mais próxima e eficiente. A interiorização dos serviços não pode ser apenas uma diretriz política e pessoal, mas uma realidade concreta.
Certamente, há desafios, A viabilidade financeira da expansão está entre eles, pois ampliar benefícios sem comprometer o orçamento exige gestão estratégica e austera. É necessário um planejamento que permita a sustentação a longo prazo, garantindo que o suporte chegue a quem mais precisa sem colocar em risco a saúde financeira da instituição.
Nos primeiros meses de 2025, algumas iniciativas já refletem esse equilíbrio: telemedicina para todos advogados, parcerias com Wellhub e TotalPass expandiram o acesso à atividade física em 45 cidades, plantões psicológicos e nutricionais, além da implementação do empréstimo de becas em Colatina, Pinheiros, Itapemirim, Domingos Martins e Nova Venécia, tornando a indumentária jurídica mais acessível.
Ainda assim, há muito a ser feito. É essencial percorrer o Estado, não apenas para reforçar laços, mas para entender as demandas regionais e aprimorar os serviços prestados. Cada região tem suas especificidades, e o que é essencial no sul pode não ser prioritário no norte, e vice-versa. Somente com uma escuta ativa é possível identificar e atender às reais necessidades da advocacia capixaba.
Sendo o braço social da OAB-ES, a CAAES deve ser anteparo contra as exclusões que afetam advogados e advogadas, sejam elas econômicas, geográficas ou tecnológicas. Nesse sentido, a descentralização do atendimento, aliada a uma abordagem híbrida – que combine infraestrutura física e digital–, pode ser a chave para superar barreiras e ampliar benefícios.
E é bom lembrar: a interiorização não é um favor, é um dever institucional. O compromisso com essa pauta é, antes de tudo, um compromisso com a justiça e com a valorização da advocacia em sua totalidade.
** Kelly Andrade é presidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Espírito Santo (CAAES).
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do AQUINOTICIAS.COM
Receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp e fique por dentro de tudo! Basta clicar aqui