Mais Cargos, Mais Gastos: o Congresso ignora o país real

O impacto financeiro da medida é de quase R$ 65 milhões por ano, em tempos de contenção de gastos, rombo fiscal e filas no SUS.

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em 25 de jun de 2025, às 17h40

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Enquanto o Brasil ainda digere os números alarmantes do Censo 2022, que escancarou desigualdades e a precariedade em várias regiões, o Congresso Nacional parece caminhar em outra direção: a da autoconveniência. Nesta quarta-feira (25), o Senado deve votar, em regime remoto, o projeto que aumenta de 513 para 531 o número de deputados federais, a partir da próxima legislatura. A proposta, claro, já passou com tranquilidade pela Câmara dos Deputados.

O pretexto é uma decisão do STF, que determinou a redistribuição das vagas com base nos novos dados populacionais. O problema é que, em vez de promover um redesenho racional e equilibrado da representação, o Congresso decidiu não mexer no que incomoda: ninguém perde cadeira. Todos os estados mantêm o que têm, e nove ainda ganham entre uma e quatro vagas. Uma matemática política pensada sob medida para evitar descontentamentos locais, e, claro, preservar bases eleitorais.

O prazo imposto pelo Supremo vence no dia 30 de junho. Caso o Senado não aprove o texto até lá, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) terá que fazer a redistribuição. Adivinhe o que os parlamentares querem evitar? Perder o controle da própria regra do jogo.

O impacto financeiro da medida é de quase R$ 65 milhões por ano, em tempos de contenção de gastos, rombo fiscal e filas no SUS. Mas quem se importa? Para os parlamentares, é mais importante manter o equilíbrio político interno e garantir o bônus eleitoral do que promover um real ajuste institucional.

A decisão do Senado será tomada em sessão remota, no meio das festas juninas, quando o Congresso estará praticamente esvaziado. Uma votação simbólica, feita à distância, para aumentar ainda mais a distância entre Brasília e o Brasil real.

É a velha política travestida de obediência institucional. Uma reforma para não mudar nada. E mais uma conta que sobra, como sempre, para o contribuinte.

As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do AQUINOTICIAS.COM

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