O impacto global do World Ddown Syndrome Day nas nações

A luta por inclusão não se faz apenas com leis, mas com amor, empatia e oportunidades.

4 mins de leitura

em 03 de abr de 2025, às 15h26

Por Marcel Carone

A convite da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, tive a honra de representar o Brasil na sede da ONU, nos Estados Unidos, durante o World Down Syndrome Day. Foi um momento marcante, onde reafirmamos o nosso compromisso com a causa da inclusão. A síndrome de Down é, certamente, uma das expressões mais doces, potentes e inspiradoras da diversidade humana.

No dia 21 de março, o mundo inteiro volta os olhos para uma data carregada de significado, esperança e transformação: o World Down Syndrome Day (WDSD). A escolha da data, 21/3, não é aleatória. Ela simboliza a trissomia do 21 – condição genética que caracteriza a síndrome de Down. Mas o que transforma essa data em um marco global não é apenas a ciência, e sim o que ela desperta: um chamado universal por inclusão, respeito e empoderamento.

Na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, a 14ª edição da Conferência do WDSD reuniu, em 2025, pessoas com síndrome de Down, suas famílias, especialistas, empreendedores sociais, ativistas e formuladores de políticas públicas. Com o tema “Melhorar nosso sistema de apoio”, o evento enfatizou a necessidade de estruturas sociais e governamentais que respeitem a autonomia e a dignidade dessas pessoas, garantindo que cada uma possa viver de forma plena em comunidades inclusivas.

Os números são expressivos e exigem ação: estima-se que existam entre 5 e 7 milhões de pessoas com Síndrome de Down no mundo. Anualmente, cerca de 3 mil a 5 mil bebês nascem com a condição, o que corresponde a aproximadamente 1 a cada 1.000 nascidos vivos. No Brasil, estima-se que 1 em cada 700 nascimentos resulte em uma criança com síndrome de Down, o que corresponde a cerca de 300 mil pessoas. Apesar dos desafios, há muito o que celebrar. Graças aos avanços médicos e ao engajamento social, a expectativa de vida de pessoas com Síndrome de Down aumentou significativamente – de 10 anos em meados do século XX para cerca de 60 anos hoje.

Iniciativas pelo mundo têm mostrado como políticas públicas e ações comunitárias podem transformar vidas. Um exemplo notável vem dos Estados Unidos, onde uma pesquisa revelou que 96% dos americanos apoiam programas de treinamento e capacitação para pessoas com deficiência intelectual. Esse tipo de apoio é vital para inserção no mercado de trabalho e participação ativa na sociedade. Além disso, o financiamento para pesquisas sobre síndrome de Down no país saltou de 35 milhões de dólares em 2017 para 58 milhões em 2018, fruto de mobilização liderada por fundações como a Global Down Syndrome Foundation.

Na Espanha, clubes de futebol como o Real Madrid e campanhas públicas em cidades como Huesca e Murcia aproveitaram o WDSD para destacar a importância da educação inclusiva e da visibilidade. Em Lorca, os jogadores da seleção sub-21 da Espanha entraram em campo com meias desparelhadas – símbolo global da diversidade e singularidade de cada indivíduo com Síndrome de Down.

E por falar em meias, a campanha global Lots of Socks segue como uma das maiores vitrines de sensibilização social. Pessoas do mundo inteiro usam meias coloridas, diferentes ou invertidas para despertar curiosidade e promover conversas sobre inclusão e respeito. Um gesto simples, mas poderoso.

Mas não basta comemorar um dia. É preciso garantir direitos todos os dias. O World Down Syndrome Day na ONU é mais do que uma conferência; é um palco onde vozes antes silenciadas ecoam pelos corredores do poder. É onde pessoas com Síndrome de Down não são apenas pauta – são protagonistas. São elas que sobem ao púlpito, leem seus discursos, fazem perguntas e exigem respostas. Ali, não se fala por elas – se fala com elas.

É urgente que essa abordagem se espalhe como um raio de luz pelo mundo. A luta por inclusão não se faz apenas com leis, mas com amor, empatia e oportunidades. A presença das pessoas com deficiência nas escolas, empresas, na arte, na política, em todos os espaços, enriquece a sociedade e nos torna humanos de verdade. A diversidade humana é um patrimônio coletivo, e a síndrome de Down é uma de suas expressões mais doces, fortes e inspiradoras.

Que cada 21 de março nos lembre que a diferença não nos separa, mas nos completa!

Marcel Carone é jornalista, apresentador de tv, empresário, ativista social comprometido com a inclusão, Embaixador da Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Síndrome de Down do Espírito Santo Vitória Down, Idealizador da “Brigada 21” e do “Pelotão 21”. É diplomado pela ADESG – Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra e Comendador do 38° Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro.

As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do AQUINOTICIAS.COM

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