PSB e Cidadania preparam federação com impacto no Espírito Santo

A federação PSB-Cidadania, se concretizada, não será apenas uma reconfiguração de bastidores. Será um novo polo de poder, um agente ativo nas costuras da eleição de 2026.

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em 15 de maio de 2025, às 17h42

Foto: Reprodução | Governo do ES
Foto: Reprodução | Governo do ES

Por trás da cortina de negociações partidárias, o movimento que aproxima Cidadania e PSB para a formação de uma nova federação guarda implicações mais profundas do que aparenta. Em meio à desidratação da atual aliança com o PSDB — cuja fusão com o Podemos já sinaliza um novo ciclo — o Cidadania antecipa sua movimentação para não ser engolido pela rearrumação do centro político. A aposta em uma federação com o PSB não é apenas uma escolha de sobrevivência, mas uma tentativa de redefinir sua relevância dentro de um projeto mais progressista. E esse realinhamento tem ecos diretos no Espírito Santo.

Guarda-chuva ideológico

Sob o verniz técnico da legislação eleitoral, as federações partidárias não são apenas arranjos burocráticos: são tentativas de costurar coerência política num ambiente cada vez mais fragmentado. A federação com o PSB daria ao Cidadania um guarda-chuva ideológico mais estável e eleitoralmente promissor. Em termos práticos, isso significaria um novo centro gravitacional para candidaturas e alianças em 2026, inclusive nas disputas proporcionais — o verdadeiro motor do interesse nas federações.

No Espírito Santo, a possível federação pode provocar um abalo sísmico no tabuleiro local. O Cidadania, que hoje transita em ambientes tucanos, se aproximaria do campo comandado pelo governador Renato Casagrande (PSB), com quem o partido já compartilha certa afinidade histórica. A liderança estadual do Cidadania, com o ex-prefeito de Vitória Luciano Rezende à frente, terá que lidar com esse realinhamento estratégico, que pode tanto abrir novas portas quanto gerar resistências internas.

O PSB capixaba, sob o comando de Alberto Gavini Filho, já é protagonista na política estadual. Casagrande, seu nome mais influente, é peça-chave no jogo da sucessão ao Palácio Anchieta. Do outro lado, Rezende, é o nome expressivo do Cidadania, pode encontrar nesse novo arranjo uma rota de retorno à cena eleitoral com mais força.

União Progressista

O xadrez político se complica ainda mais com a recente criação da Federação União Progressista, que une Progressistas e União Brasil sob a liderança do deputado Da Vitória e do presidente da Assembleia, Marcelo Santos. Esse novo bloco pode rivalizar diretamente com a futura federação PSB-Cidadania, tornando a disputa por alianças majoritárias e proporcionais ainda mais acirrada.

E há mais peças nesse jogo: uma articulação nacional entre MDB e Republicanos ameaça embaralhar ainda mais o cenário local. A hipótese de união entre os partidos de Ricardo Ferraço (MDB) e Lorenzo Pazolini (Republicanos) é paradoxal. Ambos disputam o protagonismo da direita capixaba e a mesma vaga ao governo em 2026. Se a federação for confirmada, o conflito interno será inevitável — ou obrigará um acordo precoce que pode desequilibrar outras forças.

Laboratório político

A federação PSB-Cidadania, se concretizada, não será apenas uma reconfiguração de bastidores. Será um novo polo de poder, um agente ativo nas costuras da eleição de 2026. Em um cenário em que a federação passou de mera formalidade para uma estratégia de consolidação, o Espírito Santo se transforma em laboratório vivo dessa nova engenharia política.

A corrida já começou. E quem não se mover agora, pode ficar para trás.

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